sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Simone facilita a relação e o contato entre mães e bebês

Peço uma quase-licença aos leitores e leitoras para publicar aqui a história de Simone Cortez, porque ela é diferente das demais já publicadas aqui no blog. Isso, porque o universo materno mexeu com ela e sacudiu sua vida antes mesmo de ela ser mãe. Simone tomou contato com o mundo da maternagem em seus trabalhos, como psicóloga, babá e berçarista. Correu atrás, fez cursos de doula e educadora perinatal. E foi assim que surgiu a idéia do SerBebe. Será que o trabalho que ela desenvolve abre uma possibilidade de expandirmos a noção de empreendedorismo materno?

Simone Cortez, da SerBebe
Empreendedora recente, Simone conta que sempre fala pra as mães não se preocuparem, porque seus bebês as dirão o que fazer. “Basta confiar no taco dos dois”, diz. Por isso, se considera uma facilitadora da relação mãe e filho e não uma consultora.

Ela vê no empreendedorismo materno não só uma possibilidade de a mulher conciliar trabalho e cuidado dos filhos, mas uma chance de mudar o mundo do trabalho. “Isso mostra para a mulher e para o mundo a capacidade que nós temos. Que muitas vezes não aparecem ou não são valorizadas, no modelo trabalhista e machista que temos no mercado de trabalho. Mesmo em profissões ditas femininas”, atesta.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Simone.

Blog EM: Conte um pouco sobre a sua iniciativa: o que é? como funciona?
Simone
: Terminei a faculdade de psicologia e fui para área hospitalar. Passei por todas as áreas do hospital e as de que mais gostava eram a UTI neonatal e o pronto socorro. Nada a ver, mas eu gostava. Desde a época da faculdade, os recém nascidos me comoviam, eu não sabia bem o por que, mas eles me tocavam muito. E também gostava muito do assunto da gestação e do parto. Mas na faculdade de psicologia não tem nada nessa área, então fui para a área hospitalar, que era onde eu poderia chegar mais perto disso. Mas acabei me decepcionando com o modelo hospitalar e principalmente com o modelo que a psicologia estava inserida. Era uma abordagem muito invasiva, não respeitava o momento da pessoa, tínhamos que arrancar as coisas delas como se fôssemos interrogadores e com isso eu não conseguia concordar. Saí do hospital. Fui para a publicidade, trabalhei como modelo, produtora de casting e qualquer coisa que aparecesse pela frente. É uma área de que eu também gosto muito, mas queria mesmo era voltar para a psicologia e atender grávidas e recém mães. Sempre achei que entendia bem e me comunicava bem com os bebês e queria trabalhar com eles em parceria com as mães. Fui ser babá do filho de uma vizinha e lá conheci o tal livro da tal encantadora de bebês [A Encantadora de Bebês Resolve Todos os seus Problemas, de Hogg, Tracy; Blau, Melinda]. Devorei o livro. Achei uma porcaria... rs. E olhava pro bebê de que cuidava e falava pra ele que nada daquilo fazia sentido e ele ria e parecia concordar comigo. O meu grande professor foi ele sem dúvida. Ele é quem me dizia como cuidá-lo, e não os livros que a mãe dele tinha, nem os livros da faculdade e tantos outros livros da moda. E ai nasceu o SerBebê, que é o nome do meu "serviço". Cuidava do Téo o dia todo, das 8h da manhã as 7h da noite e quando a mãe dele chegava eu despejava todo o meu aprendizado em cima dela. Ela gostou muito e sempre confiou muito na minha intuição e assim fiquei com eles durante um ano. Nesse meio tempo, montei meu consultório com o intuito de passar esse conhecimento para outras mães. Eu nem sabia o que era doula e muito menos sabia que o que fazia era doulagem pós parto... rs. E foi assim que comecei a trabalhar com as mães. Sempre em parceira, as ajudando a reconhecer os sinais dos seus bebês. Sempre falo pra elas que não se preocupem, que eles dirão o que esta tem que fazer. Basta confiar no taco dos dois. Acredito que eu sou mais uma facilitadora nesse processo do que uma "consultora". Mas foram surgindo pacientes de todo tipo no meu consultório e as gestantes e mães sumiram. Sentia falta desse contato e, no ano passado, fui trabalhar num berçário como berçarista. Cuidava dos bebês e, no fim do dia, tinha essa troca com as mães. Mas era diferente do que eu realmente gostava, que era estar na casa delas, ou no meu consultório, falando e trocando sobre o os assuntos práticos, mas também sobre os medos, as inseguranças e expectativas. Mas ao mesmo tempo, o berçário me trouxe mais um banho de experiência em cuidar de bebês. Da dificuldade do dia-a-dia e tudo o que as mães passavam com eles em casa. E, novamente, foram surgindo mães e gestantes no meu consultório. Senti que precisava me especializar e fui fazer cursos no GAMA no começo do ano, de Educadora Perinatal e de Doula. Saí do berçário e me dedico ao meu consultório, como psicóloga, educadora perinatal e doula. E estou amando! Trabalho sozinha, mas participo de várias listas na internet, encontros e cursos. Sempre trocando experiência e informação. Então, acredito que sozinha, sozinha não estou. Mas não tenho nenhuma sócia.

Quais as facilidades e dificuldades de empreender?
A facilidades é o fato de você comandar o seu trabalho, sem interferência, sem ter que fazer do jeito do chefe, mesmo não concordando... isso acontecia muito no berçário, eu ficava louca da vida com isso, mas lá eu era empregada né? E a flexibilidade de horário também é legal. As dificuldades são financeiras. Não tenho um fixo por mês, e tem vezes que não tenho nada. E particularmente, acho difícil divulgar o meu trabalho.

Qual o lado bom e o lado ruim?
Lado bom é fazer o que se gosta, do seu jeito. E lado ruim é a instabilidade financeira. Pelo menos pra mim que estou no começo. Talvez - e eu espero que sim -, isso mude no futuro.

O que é empreendedorismo materno para você?
Acho que é inovar, criar condições de trabalho que vão de encontro com as suas expectativas, sejam elas quais forem, e se realizar trabalhando e sendo mãe ao mesmo tempo. 

Na sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Para terem tanto prazer trabalhando quanto tem em ser mães. Além de poderem ter mais controle sobre o seu dia, para poderem dosar bem o temo de trabalhar e o tempo de maternar.

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Eu acho positivo, porque mostra para a mulher e para o mundo a capacidade que nós temos. Que muitas vezes não aparecem ou não são valorizadas, no modelo trabalhista e machista que temos no mercado de trabalho. Mesmo em profissões ditas femininas. Mas por outro lado, vejo muitas mães que largaram seus trabalhos e foram empreender para terem mais tempo com os filhos, que estão trabalhando muito mais, sem tempo pra nada, do que se tivessem num “esquema empresa”. Acho que essas mães precisam parar e lembrar por que mesmo que largaram seus empregos e diminuir o ritmo de trabalho. 

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Acho que é sim. Mas sempre tomando cuidado pra não virar empresárias workaholics sem tempo pra viver a maternidade.

Gostou do trabalho da Simone?
Entre em contato com ela!
11 7878-5164
simonecortez@hotmail.com 

3 comentários:

  1. simone ,gostei da "verdade" da sua entrevista.Eu acompanhei esse exato caminho: hospital, figurante da TV, babà e a montagem da clínica. Parabéns, por se mostrar um livro aberto e contar essa linda estória da sua vida.FACEBOOK é literalmente A CARA NO LIVRO. Sinto orgulho de você! bjs.

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  2. ADOREI SI!!!!!!!!!!!!!MUITO BOM MESMO!!!!PARABÉNS!!!

    TENHO CERTEZA QUE EM BREVE VOCÊ TERÁ MUITOS CLIENTES E SERÁ RECONHECIDA FINANCEIRAMENTE POR ESSE LINDO TRABALHO!!!

    SUCESSO PORQUE VOCÊ MERECE!!!

    BJS,
    Van

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  3. Queridas, obrigada pelo apoio! Só queria saber quem escreveu o primeiro comentário! não tem assinatura...rs
    bjs

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