segunda-feira, 27 de maio de 2013

Para Roberta, cada marca é um sonho. E mães empreendedoras sonham juntas!


Roberta é idealizadora do Estúdio Jabuticaba, que tem como missão, segundo ela mesma, “traduzir a essência de cada marca em cores e formas, facilitando a comunicação e a troca entre empresa<>cliente”. Seu diferencial? “Enxergamos cada marca com que trabalhamos como um sonho sendo realizado, único!”, explica Roberta.

A mãe de Benjamin é formada em Publicidade e Propaganda e trabalha no ramo desde o 2º ano da faculdade. “Tenho uma relação de amor e ódio com a minha área, porque tenho paixão pelo que faço, adoro o processo criativo, pensar, planejar encontrar soluções, buscar conceitos, encontrar a cara da marca. Mas ao mesmo tempo, não gosto da propaganda voltada para o consumo excessivo e inconsciente, em marcas que SÓ pensam em lucro”, conta.
Para ela, ter um estúdio próprio lhe trouxe a possibilidade de trabalhar com pessoas afinadas com seus valores. “Tive muita sorte até agora e só trabalhei com pessoas realmente apaixonadas pelo que estavam fazendo. Pessoas que colocaram o coração e a energia nos seus negócios. Que como eu, acreditam que podem mudar o mundo a partir de pequenas ações, como indivíduos e como empreendedores”, afirma.

Roberta vê as mães empreendedoras como mulheres construindo juntas um novo formato de mercado, baseado em colaboração e cooperativismo. “Vejo "mães concorrentes" criando encontros juntas, uma fortalecendo a outra, uma indicando a outra, ao invés da competição tradicional elas se complementam. Para mim, é uma nova forma de negócio e de trocas dentro de uma sociedade tão doente como a nossa. Mas há quem diga que eu sou muito idealista...”, completa.

Leia mais sobre a história de Roberta na entrevista que ela concedeu ao nossos blog.

Ficha da empreendedora
Seu nome: Roberta Rezende Santos
Nome e idade do(s) filho(s): Benjamin de 1 ano e 7 meses
Nome da empresa e/ou atividade: Estúdio Jabuticaba | Publicidade e Design
Telefone: -
website e/ou blog: www.estudiojabuticaba.com.br

Conte um pouco sobre a sua iniciativa: o que é?Como funciona?
A ideia do Estúdio Jabuticaba nasceu quando eu gestava meu filho. Eu trabalhava em uma agência de publicidade e o ritmo e os horários são bem malucos, não queria criar um filho desse jeito. Mas eu só comecei a tirar a ideia do papel quando meu filho estava com quase 1 ano, em agosto de 2012. Quando eu comecei a ver tantas mães a minha volta, com filhos pequenos, dificuldades imensas, se mexendo para abrir negócios próprios, percebi que eu podia auxiliar de alguma forma, com os conhecimentos que trazia da minha formação. E foi assim que abri o Estúdio, inicialmente só pensando nas mães empreendedoras. Recentemente o leque começou a se abrir, e não só mães empreendedoras começaram a procurar o Estúdio, foi quando começou uma parceria e minha sócia entrou. Agora trabalho em conjunto com a Eluanda Andrade, além de outras parcerias de diversas áreas.

Como era seu trabalho antes e como é agora? Você realizou o que queria quando resolveu empreender?
Antes meu trabalho era uma mistura de um ritmo frenético e horários malucos, tinha hora para entrar, mas não para sair.
Hoje em dia eu faço o meu horário, e ele é ainda mais maluco... [risos]. Que mãe nunca trabalhou de madruga? Ou acordou de madrugada para trabalhar? Mas posso ficar com meu filho, posso estar aqui para ele. Além disso, trabalhar com pessoas na mesma sintonia faz toda diferença para mim.
Eu estou realizando, ainda não posso dizer que meu empreendimento está como deveria estar, mas está no caminho de.

Quais as facilidades e dificuldades de empreender sendo mãe?
As dificuldades são imensas, organizar os horários com um bebê, encontrar tempo para trabalhar nesse furacão da maternidade que tira tudo do lugar e muda tudo dentro de nós. 
A facilidade é encontrar tantas outras mães no mesmo barco, para podemos trocar figurinhas e enlouquecer juntas [risos].

Qual o lado bom e o lado ruim?
O lado bom é poder ficar com meu filho, sem dúvida, é a melhor parte. Encontrar outras pessoas na mesma sintonia também é maravilhoso e o que me mantém disposta. 
O lado ruim são as dificuldades mesmo, é muito complicado equilibrar maternidade e empreendedorismo, principalmente sem uma rede de apoio próxima.

O que é empreendedorismo materno para você?
São mães guerreiras buscando um meio termo entre a maternidade e a vida profissional. As empresas e o mercado atual brasileiro tem pouquíssima flexibilidade com as mães, o foco ainda é muito em competitividade, vendas e lucro. Eu vejo as mães empreendedoras como mulheres construindo juntas um novo formato de mercado, baseado em colaboração e cooperativismo. Vejo "mães concorrentes" criando encontros juntas, uma fortalecendo a outra, uma indicando a outra, ao invés da competição tradicional elas se complementam. Para mim, é uma nova forma de negócio e de trocas dentro de uma sociedade tão doente como a nossa. Mas há quem diga que eu sou muito idealista...
Para mim, pessoalmente, foi o caminho que encontrei para não terceirizar meu filho e poder estar com ele.

Em sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Pela falta de possibilidade das empresas no mercado atual. Quantas empresas permitem que uma mãe fique com o filho doente? Quantas têm horários flexíveis? Quantas abrem espaço para as crianças?
Pouquíssimas tem essa visão integral da pessoa, a maioria parece esquecer que a vida de uma pessoa não se resume ao profissional. Acredito que tenha a ver com essa geração tão antenada e que valoriza tanto a vida familiar também. 

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Positivíssimo! Não só para as mulheres, como para os filhos e para a sociedade toda. Eu acredito realmente que esse é o início de uma "revolução silenciosa". Quantas profissionais maravilhosas estão deixando seus cargos para se dedicaram ao seu próprio negócio e aos filhos? Uma hora as empresas começaram a sentir a falta, e precisarão encontrar meios de manter funcionárias. 
Além disso, essas mulheres estão se realizando, estão descobrindo talentos novos, percebendo o quanto são maravilhosas! 

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Acredito que sim e como disse acima, acredito também que obrigará o mercado a se adaptar as necessidades das mulheres e de suas famílias, criando ainda mais alternativas sustentáveis.

Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe empreendedora?
Não é fácil. Não é indolor. Mas é possível e pode ser maravilhoso se você se abrir para isso.

E encontre uma rede de apoio, outras mulheres empreendedoras, mães, pode ser virtual, ajuda muito, faz toda diferença. E tente encontrar parceiros e uma rede pessoal também, pessoas de confiança que possam ajudar com o filho quando os prazos apertam.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Fernanda criou a Boludinhos, loja de produtos divertidos e diferentes para crianças

Fernanda, 35 anos , é formada em Informática e começou a trabalhar como empreendedora em 2008, depois que saiu do seu emprego, porque estava grávida e acabou perdendo seu bebe. “O que me deu forças foi começar a trabalhar: entrei para um curso de costura, onde aprendi a fazer bolsas e acessórios”, conta. Hoje, ela está à frente de um novo projeto: a Boludinhos, uma loja infantil com produtos diferentes e divertidos para crianças de 0 a 5 anos.

Fernanda traduz bem o que é o empreendedorismo materno: liberdade. Mas uma liberdade que, para ela, vem sempre acompanhada de muita cobrança. “Estou sempre me cobrando, se trabalho demais acho que não estou dando muita atenção pro meu filho e marido. Se trabalho de menos, vem a culpa pelo lado profissional”, conta.

Leia a entrevista que Fernanda deu ao nosso blog e conheça mais sobre a Boludinhos e sobre a sua história. 

Ficha da empreendedora
Seu nome: Fernanda Lins dos Santos
Nome e idade do(s) filho(s): Davi (3 anos e meio)
Nome da empresa e/ou atividade: Boludinhos.
Telefone: 24 - 81384841 
website e/ou blog: www.boludinhos.com.br


Como é seu trabalho?
Hoje trabalho sozinha onde a produção das bolsas começou a ficar apertada e encontrei um meio de continuar trabalhando por conta própria e montei em Fevereiro de 2013  um novo projeto: Boludinhos, uma loja infantil com produtos diversos para crianças de 0 a 5 anos . 

Como era seu trabalho antes e como é agora? Você realizou o que queria quando resolveu empreender?
Eu era supervisora de Suporte técnico numa empresa de informática onde trabalhei 11 anos. Agora estou realizando o que eu quero mas tenho muito que crescer . 

Quais as facilidades e dificuldades de empreender sendo mãe?
A maior facilidade pra mim é poder criar meu filho mais de perto, pois eu tenho uma secretária em casa que cuida da casa e ajuda a olhar ele pela manhã, mas eu que dou o banho, arrumo pra escola, levo, busco... a liberdade de poder fazer meus horários me permite estar mais presente. 
A maior dificuldade é trabalhar em casa , impor horários pra mim de trabalho, principalmente hora para parar [risos] e para as pessoas. Elas esquecem que você trabalha e chegam a qualquer hora. 

Qual o lado bom e o lado ruim?
O lado bom é poder ter liberdade. 
O lado ruim é ter que escolher às vezes entre o trabalho e um tempo pra família. Estou sempre me cobrando, se trabalho demais acho que não estou dando muita atenção pro meu filho e marido. Se trabalho de menos, vem a culpa pelo lado profissional. 

O que é empreendedorismo materno para você?
É a minha auto realização de poder trabalhar, pensar em mil coisas, ver que sou capaz , que tenho retornos. É gratificante.

Em sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Pela liberdade que ele dá o que possibilita passar mais tempo com seus filhos.

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Muito positivo. 

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Sim. 

Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe empreendedora?
Batalhe pelo seu desejo profissional, filhos são nossas vidas, mas eles crescem e depois que eles crescerem você vai olhar pra trás e ver que também fez algo por você. 


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mãe modista: Kéli é uma mãedista!


Costumo sempre editar as entrevistas e depoimentos que me enviam por aqui.

Tento escrever um pouco sobre a mãe, sobre seu trabalho.

Mas o depoimento da Kéli estava tão original, que resolvi não mexer.

Busquei apenas marcar algumas partes, em negrito, para localizar vocês na leitura destes testemunho delicioso.

Mais uma história que tenho muito orgulho e prazer de divulgar aqui.

Kéli é mãe de dois e é “modista”. Ela criou o BazarBizar²o Atelier. É um atelier de moda alternativa, roupas infantis e femininas e, segundo ela mesma, “de tudo um pouco”!

Leia o depoimento de Kéli abaixo.

Quem sou eu?
Kéli, muito prazer! Sou mãe de duas crianças lindas que me revolucionaram e remoldaram de forma que eu jamais poderia imaginar, mulher, criativa, inspirada, amada e apaixonada!

O que eu faço?
Aí você me pega.
Sabe, fui convidada a escrever esse texto a algum tempo, e tô aqui enrolando justamente porque toda vez que sentei para escreve-lo eu tentava e nada vinha... Eu não sei bem definir o que faço simplesmente porque eu amo tanto tudo isso que por mim diria que o que eu faço é simplesmente “ser”.
Eu costuro. Eu crio. E faço isso com meu pitoco de 7 meses se arrastado no chão abaixo de mim enquanto a minha molequinha de 3 anos desenha ao meu lado. E não me sinto no direito de dizer que faço isso por ser mãe ou que sou mãe por fazer isso, é tudo meio junto, um complementa o outro e é como aquela coisa do ovo e da galinha, eu não sei te dizer bem quem veio primeiro, sabe?
Na verdade, eu sei.  “Marromenos”, se me permite.  Eu era professora de inglês. Casei “novinha” (pra quem curte julgar essas coisas pela idade), dava aulas numa escola bacana, tinha a costura como um hobby de final de semana. Engravidei. De repente eu sentia que devia ser responsável, não podia mais ser professora-de-inglês-que-brinca-de-corte-e-costura, tinha que ser “mãe madura”. Tchau piercings, cabelo vermelho, jeans, all star e máquina de costura. Oi terninho, salto alto, empresa com o marido, ok, vambora. Começamos nossa própria escola, prestando serviços em empresas da região quando minha filha tinha 9 meses.
Eu não era feliz. Como era difícil ser “séria”, deixar minha filha no berçário e ir dar aulas. Era tudo como antes, só que não. Eu tinha que usar terninho e me portar como chefe. Tinha mais responsabilidade, o trabalho não acabava depois das 18hs e se eu fizesse coisa errada não podia pedir desculpas pro chefe, eu era a chefe. E aquilo tudo era responsabilidade demais, me sentia “cinza”, irritada, acabada, “velha”.
Começamos a pensar no segundo filho. A mais velha com 1 ano e pouco, era a hora. E eu não queria mais aquela rotina... Algo tinha que mudar, mas também não dava pra ficar em casa, eu não sei ficar parada... Desempacotei a máquina de costura por insistência do marido, “vamos brincar de matar a saudade”. E uma chama se reacendeu, que delícia, que saudade! Uma explosão criativa, vontade de aprender tudo que não tinha aprendido antes, a descoberta de que a maternidade tinha me ensinado o dom maior que me faltava para costurar antes: a paciência!
Mergulhei fundo, pedi “demissão” do meu cargo de chefe – com o apoio total do marido maravilhoso que desde sempre me empurrava de volta à maquina de costura – retomei meu hobby com uma intensidade inesperada, retomei meu all star, meu jeans, meu cabelo vermelho e minhas cores, retomei meu eu. Grávida, barriguda, passava os dias costurando feliz. Renasceu das cinzas o Bazarbizarro, que em 2008 era minha mania de transformar calça velha em bolsa customizada, dessa vez uma pilha de roupas infantis coloridas, roupas diferentes pra mãe que queria amamentar, pra mãe que queria se sentir bonita, pra mãe que não queria adotar o terninho como eu havia feito, roupa alternativa pra todo mundo que queria se dar o direito de ser diferente, mãe ou não, adulto ou criança.
E aí veio o segundo filho. Eu esperava uma segunda revolução, mas ele foi mesmo a confirmação de que eu estava no caminho certo. Que delicia poder trabalhar em casa, sem hora, sem medo, sem bomba elétrica de leite pro berçário!
E hoje já vai mais de um ano vivendo de Bazarbizarro, mais de um ano sendo colorida, costurando todo dia, feliz demais por poder expressar a criatividade que eu tanto tentei “dominar” enquanto sigo maternando feliz e full time!

Se é fácil? Nem sempre. Às vezes é complicado conseguir dar conta de casa + filhos + prazos de entrega, mas nessas horas eu apelo pro meu guardião, marido e companheiro fiel, que assume o que puder das tarefas da casa para que eu dê conta do trabalho a ser feito.  Acho que o mais complicado é saber impor horários e rotina a si mesma, mas vale cada gota de suor, mesmo que financeiramente meu retorno não seja o que eu tinha sendo “chefe/professora”.
Então, resumindo, dizem que sou “Modista”. Eu acho chique eu sorrio com timidez quando me dizem isso, confesso que adoro o título. Mas, pra te contar a verdade, eu brinco - sou “Mãedista” - com muito orgulho e muito prazer!

Ficha da empreendedora
Seu nome: Kéli McGee
Nome e idade do(s) filho(s): Nenagh, 3 anos e Tomás, 7 meses
Nome da empresa e/ou atividade: BazarBizar²o Atelier
Telefone: 11 99334-2797
e-mail: bazarbizarro@hotmail.com   
website e/ou blog: http://bazar-bizarro.com.br (loja-virtual) ou facebook.com/bazarbizarro

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Trabalhar e maternar é possível?! - Por Ligia de Sica, da Bebechila

Texto reproduzido do Blog da Bebechila.
Original aqui.

Trabalhar e estar com os filhos sempre por perto é uma realidade que precisa ser ajustada todos os dias. Os filhos vão crescendo e os interesses pelo mundo vão se ampliando. E a necessidade de horas de trabalho pressionam o cotidiano das mães empreendedoras.

E a tv ali ao lado se mostra tentadora para unir esses dois desejos, do filho e da mãe.
Aperte alguns botões e hop, a mágica se opera.
Será que é assim tão fácil, indolor e sem consequências?
Trabalhando à frente da Bebêchila e sendo mãe de duas meninas de 3 e 5 anos, esse questionamento percorreu alguns caminhos até chegarmos aos combinados atuais, que, claro, poderão ser reajustados em breve.
Aqui, já deixamos correr solto o pedido para ligar a tv, já restringimos o tempo ("só 20 minutos, tá bom?"), tiramos a tv da sala e colocamos em um cômodo, passamos depois a restringir a tv para apenas filmes em dvd, ouvindo depois continuamente ("outra vez, mamãe!"), e mudar de novo o combinado para "um só filme por dia".

E, para minha surpresa, depois desse último combinado, elas quaaase não tem pedido para ligar a tv! Não imaginei que isso aconteceria...
Claro, no paralelo, muito trabalho foi feito: organizações constantes dos brinquedos no quarto e sala, rodízio de brinquedos que são guardados no maleiro e trocados a cada 2 ou 3 meses, incentivo a brincadeira entre elas, incentivo a resolver os conflitos sem precisar da minha intervenção, propor atividades de tinta, argila, terra.
E para o meu trabalho isso significou, 1 hora de trabalho e 15 minutos de arrumação.
E antes era 1 hora de trabalho e 2 horas de crianças cansadas, nervosas e brigando entre si.

Outro dia, elas foram dormir na casa da avó e eu disse "filha, leve seus filmes, não fique assistindo lá o discovery". E emendei: "filha, você sabe porque eu não quero que você assista tv?". E ela: "puquê tem muita pupaganda." E eu: "e porque você acha que eu não quero que você assista às propagandas?". E ela "puquê é do mal". (risos internos) "Não filha, não é porque é do mal, é porque propagando é para adulto, não para criança." Saiu assim, sem planejar.
Claro que dentro de mim fiquei citando a minha lista pessoal das reclamações que tenho dos canais infantis (qualidade dos desenhos, valores questionáveis, respostas prontas, padrões de menininhas-dóceis e meninos-valentões, e mais uma série um pouco longa), mas eu não ia encher a cabeça dela.

No meio do caminho dessas fases de combinados, fomos viajar em alguns feriados e a regra lá era: descanso da tv. Não ligávamos a tv nenhuma vez, e pude perceber que elas escutavam os sons da mata, se deliciavam com o vôo das borboletas, com o musgo das pedras, com os cheiros diferentes de cada flor, com a horta, com os animais e, o mais legal, elas descobriram o prazer de brincar juntas.
Surgiu a brincadeira do cavalo e da moça do cavalo. A da gata filhote e gata mãe. Da moça da loja e da cliente ("quienti"). A do leão ferido e do veterinário. A do tigre que caça a zebra. A da mãe e da filha.
E hoje, sento para trabalhar de manhã e ouço do quarto: "mãaae!" e a outra responde: "oi filha!".
E claro, nem todo dia é assim.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Coisas de ComMadre: Karina oferece apoio a gestantes e mães na Zona Leste de SP


Karina. Arquivo pessoal.
Quando você pensa na sua comadre, você pensa em que? Amparo, apoio, acolhimento, cumplicidade... pois é! A Karina e sua sócia Nathalie pensaram nisso tudo quando pensaram no espaço ComMadre, na Zona Leste de São Paulo.

“A ComMadre é um espaço para atender gestantes na região da zona leste de São Paulo. É um local de apoio, educativo, para prática de exercícios para as mulheres que desejam um parto natural com o mínimo de intervenções possíveis, e também um local de apoio para o pós-parto e formação humana”, explica a mãe de Gabriel.

Enfermeira Obstetra com pós-graduação em Administração Hospitalar e mestrado em Saúde Materno Infantil além de doutoranda em Cuidados em Saúde, Karina tinha uma trajetória relacionada aos hospitais. Mas algo na vida de mãe empreendedora a chamava. E em um momento, ela resolveu atender a este chamado. Um chamado por mais liberdade. Para ela, empreender é “a mulher conseguir trabalhar de forma livre, fora dos protocolos institucionais”.

Foi isto que ela fez, mesmo sabendo que não é fácil. Para outras mães que desejam empreender, ela deixa uma dica: “Escreva as suas metas e busque estratégias para alcançá-las, replaneje se for necessário, mas siga em frente. Busque ajuda”.

A ajuda é fundamental. “O apoio do meu marido foi muito importante para eu conseguir fazer o que estou fazendo. Ter apoio dos meus pais também é bom”, conclui Karina.

Leia a história completa de Karina neste depoimento que ela concedeu ao nosso blog.

Ficha da empreendedora
Seu nome: Karina Fernandes Trevisan
Nome e idade do(s) filho(s): Gabriel de 3 anos e 6 meses
Nome da empresa e/ou atividade: ComMadre
Telefone: 9677991639
e-mail: fernandeskarina@gmail.com
website e/ou blog: com-madre.blogspot.com ou commadre.com.br (ainda em construção)

Quem é você (conte um pouco sobre a sua trajetória, formação, etc)
Sou Enfermeira Obstetra, formada em 1999 em enfermagem e em 2000 na pós gradução, quando se começou a discutir e promover a mudança das práticas abusivas na assistência ao parto. Participei muito de perto deste processo e fiz parte desta mudança. Trabalhei em instituições hospitalares como enfermeira obstetra de sala de parto e posteriormente como diretora de enfermagem na tentativa de mudar algumas práticas e implatação de Centro de Parto Normal (CPN). Tive bons resultados em alguns locais e ruins em outros, trabalhei com muita gente boa com pensamento voltado à humanização, o que me trouxe embasamento e certeza que esta seria a minha conduta.

Entrei e finalizei meu mestrado com o foco no atendimento do recém-nascido em Centro de Parto Normal. Me apaixonei pelo Parto Domiciliar, impulsionada por uma grande parteira (Vilma Nishi), comecei a atender em 2007, mas tudo se tornou mais intenso após o nascimento do meu filho (cesárea necessária, após trabalho de parto – meu filho estava em posição transversa e não rodou para nenhum lado no trabalho de parto).

Nathalie, sócia de Karina.
Depois de curar algumas feridas causadas pela cesárea, outra parteira me impulsionou a continuar atendendo PD (Ana Cris Duarte), e começou a me indicar para atendimento de PD na região da Zona Leste de São Paulo (onde moro) e regiões próximas. Uma obstetriz formada na primeira turma da EACH (USP/Leste), Nathalie Leister, se juntou a mim no atendimento aos partos. E com a carência de espaços de apoio as gestantes aqui na região, Nathalie e eu resolvemos virar sócias e criar a ComMadre e junto com a gente está uma equipe maravilhosa de mulheres, mães que acreditam no poder do corpo e da mente da mulher e também são emprendedoras.

Conte um pouco sobre a sua iniciativa: o que é? Como funciona? 
Há mais ou menos 5 anos surgiu a vontade de ter um espaço de apoio a gestantes, não sabia onde ou como iria se dar tudo isto. Há uns 2 anos juntamente com uma enfermeira/obstetriz (Eliane Marques) veio a idéia da ComMadre como apoio a gestantes e família, porém ainda faltava algo, talvez vontade ou dinheira ou certeza, não sei o que era, mas acabou não vingando e a ComMadre ficou adormecida.

Com a minha  retomada aos PDs acho que me senti mais segura e confiante. No final do ano passado fui convidada a montar uma equipe de enfermeiros/obstetrizes para atuar em um hospital em Arujá, porém o hospital (equipe) não estava preparado para receber profissionais autônomas com poder de decisão não focado no médico, e isto incomodou muito e em 3 meses fui trocada por uma equipe mais complascente.

Fiquei muito frustrada, uma tristeza sem tamanho, pois em 2007 havia montado o Hospital da Mulher em Santo Andre (um hospital construido pautado na humanização da assistência a mulher e com foco educativo). Era diretora de enfermagem quando o prefeito da cidade foi trocado e eu iria ser demitida, mas estava grávida e me mantiveram os 9 meses da gestação afastada e me demitiram depois da licença maternidade (2010). Eu havia prometido que não voltaria mais para o hospital, mas a proposta de Arujá me deixou bem empolgada pois ajudaria a mudar modelo assistêncial de Instituição privada. Enfim, não deu certo!

A Ana Cris Duarte já havia feito uma chamada para nós da Zona Leste sobre a necessidade de um local de apoio as gestantes aqui na região, e no começo deste ano, depois de aceitar as amarguras do final do ano, decidi me libertar e assumir que eu era suficiente para esta iniciativa. Com isto, chamei algumas mulheres para uma reunião e a ComMadre ressurgiu com força total. Decidi alugar uma casa e dividir os gastos com a Nathalie e contando com a colaboração de algumas mulheres, mães estamos inaugurando a ComMadre.

A ComMadre terá encontros gratuítos todas as quartas-feiras das 19:00 as 21:00h com discussão de vários temas sobre gestação/parto/amamentação/cuidados com o bebê.

Além disto teremos Yoga para gestante, baby yoga, grupo terapeutica de gestante e de pós parto, grupo de preparação perineal, curso de shantala, de cuidados com bebê, piquinique materno, bazar ComMadre e também será estruturado a ComMadre Profissional que visa capacitar o profissional da Assistência a gestante/parto/pós parto no cuidado individual baseado em evidências cienttíficas e com foco na humanização.

Como era seu trabalho antes e como é agora? Você realizou o que queria quando resolveu empreender?
Na verdade trabalhei muito em hospitais, batendo cartão e isto sempre me incomodou muito porque ficava trancada na instituição. Hoje trabalho bastante também, mas consigo fazer a minha agenda, pegar meu filho na escola, colocar ele na cama a tarde para dormir. Além de dar conta de algumas coisas da casa e morar perto do espaço (não pego transito).

Quais as facilidades e dificuldades de empreender sendo mãe?
Facilidades é que vc pode estar perto de casa, da famíliar e fazer sua agenda
Dificuldade, correr atras do trabalho porque o meu dinheiro compões a renda familiar e não dá para abrir mão dele.

Qual o lado bom e o lado ruim?
Lado bom, fazer sua agenda e conseguir estar livre em alguns momento. Pode programar viagem fora de feriados, ter liberdade, pegar meu filho na escola, passear com ele durante a semana.
Ruim, ter que trabalhar alguns sábados e algumas noites. Tudo depende da agenda. Além de não se ter um orçamento fixo no final do mês.

O que é empreendedorismo materno para você?
É a mulher conseguir trabalhar de forma livre, fora dos protocolos institucionais. E empreender em algo que acredita e sabe fazer sem depender de uma empresa fixa.

Em sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Para poder continuar trabalhando depois de se tornar mãe e ao mesmo tempo estar próxima aos filhos e a família.

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Muito positivo, mas sei também que para muitas mulheres isto é algo impossível, pois não acreditam que são capazes.

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Com certeza!

Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe empreendedora?
Não é fácil, porém é possível... Escreva as suas metas e busque estratégias para alcançá-las, replaneje se for necessário, mas siga em frente. Busque ajuda.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Maternidade versus carreira: dá para ser feliz?

Vejam o texto de Roberta Lippi, publicado no Mamatraca e reproduzido pelo UOL.

Original aqui.



O bom e velho dilema entre carreira e maternidade atormenta praticamente todas as mães que eu conheço. A cobrança vem da sociedade e de nós mesmas seja qual for a decisão: continuar trabalhando e deixar o filho com terceiros ou parar de trabalhar para ficar em casa e estar mais perto das crianças.

Em uma entrevista recente ao Mamatraca, a psicóloga Cecília Troiano, autora do livro "Vida de Equilibrista", lembrou que se cobrarmos uma performance nota dez em todos os pratinhos que temos de equilibrar, ficaremos absolutamente frustradas.

Não vou entrar aqui no mérito dos pais ausentes que não se preocupam com os filhos e terceirizam todas as suas responsabilidades, porque esse perfil familiar merece uma discussão à parte. Falo aqui de gente como a gente, que está sempre preocupada em acertar, se informa, se frustra e procura qualidade na relação com a família em primeiro lugar.

Para quem trabalha fora, é inevitável que a culpa apareça em alguns momentos dessa dicotomia entre vida pessoal x carreira, às vezes com maior ou menor intensidade. Os dois primeiros anos dos filhos, por exemplo, devem ser muito doloridos para quem não teve o privilégio, como eu, de poder trabalhar em casa. Outros fatores também tendem a tirar uma mãe do eixo como filhos doentes ou quando passam por uma fase difícil na família ou no trabalho.

Em resumo, não há como se livrar totalmente da culpa. Mas será que não é possível lidar melhor com ela?

No fundo, o que concluo a partir de tantas discussões sobre carreira que acompanho é que os filhos precisam de pais felizes, independentemente de suas necessidades e escolhas profissionais ou pessoais. Quando as crianças se sentem acolhidas e amadas, por mais que os pais passem o dia trabalhando, elas tendem a aceitar a situação e conviver bem com ela sem grandes frustrações.

Se você está infeliz no seu trabalho de uma maneira geral e se mantém por lá apenas porque precisa pagar as contas, há grandes chances de transportar essas dificuldades para dentro de casa, gerando estresse em todas as suas relações.

Agora, se estiver segura das suas decisões e contar com o apoio da família, sem abandonar seus valores, acredito de verdade que uma mulher possa se sentir realizada na carreira e como mãe ao mesmo tempo, mesmo que não seja perfeita nesses seus papéis –e quem é?

Acho curioso que muitas mães de filhos pequenos tenham receio de dizer que trabalham porque gostam, como se isso fosse um demérito. Falo por mim: eu não seria uma pessoa feliz se fosse dedicada à maternidade e à casa 100% do tempo. Amo minhas filhas, e a minha relação com elas é prioritária e inquestionável na minha vida, mas tenho muito prazer em trabalhar. E, fazendo o que gosto, também sou uma mãe melhor pra elas, mais leve, mais realizada.

É comum que as mães achem que tudo o que acontece de ruim com os filhos é porque elas trabalham fora e se martirizam por isso, mas uma boa indicação da psicóloga que entrevistamos é observar o comportamento dos filhos e perceber o quanto isso faz sentido. Eles devem ser o nosso maior termômetro.

Eu sempre tive em mente, mesmo antes de me casar, que eu preferia ser uma profissional "média" do que me tornar presidente de uma empresa ao custo de sacrificar minha vida familiar. Faço questão de ver as meninas crescerem e optei por não abrir mão disso. E eu me sinto infeliz na carreira por isso? Não, ao contrário. Sou a melhor profissional que eu poderia ser? Talvez não. Sou a melhor mãe que eu poderia ser? Não sei. Mas sou uma profissional que adora o que faz e, acima de tudo, uma mãe que dá muito amor e busca ser uma grande referência para as suas filhas.

ROBERTA LIPPI

Roberta Lippi, jornalista, é mãe da Luísa (5 anos) e da Rafaela (2 anos). É uma das blogueiras mais antigas na área de maternidade e está sempre antenada nas discussões sobre educação e comportamento. Vive uma mistura de fases em casa, e rebola para conseguir não deixar cair nenhum pratinho. Sente que se tornou uma mãe muito melhor por causa da internet, lugar onde encontrou a informação de qualidade e a verdade que não achou nos livros e nos consultórios de pediatra. Prefere a linha do "equilíbrio", ou do "meio termo" na maioria das vezes, mas também sabe rodar a baiana quando acha que deve. contato@mamatraca.com.br