quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Rosangela cria “úteros com janelas”: os slings

Rosangela com Gabriel

Quem conhece Rosangela Alves hoje - extrovertida, articulada e com um talento inquestionável para lidar com mães e bebês - não a imagina fazendo o que fazia antes de ser mãe e mudar completamente o seu modo de trabalhar e a área de atuação. Antes de Heloísa e Gabriel, ela passava a maior parte de seus dias em um escritório, operando ao telefone e pela internet com clientes de uma indústria de contentores. “Hoje, sou feliz com o que faço e faço o que amo. Não perdi nenhuma das ‘primeiras vezes’ dos meus filhos e faço parte da história de vínculo de muitas mães e bebês, além de estar sempre entre eles. Isso não tem preço”, afirma Rosangela.

A primeira gravidez, do filho Gabriel, aconteceu em 2006. Foi quando começou a grande transformação na vida de Rosangela. “Desde que engravidei, eu e meu marido combinamos que eu não voltaria a trabalhar no meu antigo emprego. Me dedicaria ao Gabriel e engravidaria novamente, ficando com nossos filhos até o mais novo completar pelo menos um ano e meio”, lembra. Enquanto estava grávida e depois do nascimento do primeiro filho, ela chegou a pensar em muitas coisas. “Pensei em fazer faculdade de decoração, design, curso de vinhos para ser sommelier, mas nada se encaixava em mim”, lembra.

Quando Gabriel tinha um ano e três meses, ela engravidou da caçula Heloisa. “Nesta época, já tinha contato com as slingadas e já era assídua das reuniões da Matrice, que comecei a frequentar antes de o Gabriel nascer”, recorda. Pouco depois de um ano frequentando os encontros, ela foi convidada a ser uma das coordenadoras do grupo. Ela lembra que logo se tornou fã das slingadas e Analy, responsável pelos encontros, se mudou e eles pararam de acontecer. “Assumi as slingadas depois que ela foi embora e comecei a fazer reuniões mensais na minha casa para poucas mães. Com o tempo, comecei a fazer mais reuniões em mais lugares”, explica.

Slingadas
O blog da Slingada

Uma das reuniões foi marcante. Num encontro de um grupo de discussão sobre pós-parto, Rosangela conta que estavam integrantes do coral Materna em canto (do qual ela faz parte há dois anos) e o pediatra Cacá. “O Cacá me viu ensinando mães a usarem os carregadores e me chamou a atenção, dizendo que eu tinha talento para isso. Daí, surgiu o convite para fazer as slingadas no Espaço Nascente”, conta. Ela lembra que assim, as slingadas se tornaram mais regulares, com lugares e dias fixos para acontecerem. Hoje, elas acontecem mensalmente no Espaço Nascente.

Em 2009, uma nova virada. Depois de muitas slingadas oferecendo gratuitamente o serviço de consultoria em uso de carregadores, Rosangela foi incentivada pelos amigos a começar a produzir os slings. “Fiz muitas pesquisas sobre tecidos, argolas, costuras e comecei a produzir. No começo, eu mesma. Depois, com ajuda de costureiras, quando a demanda começou a crescer”, explica ela, contando que, hoje, conta com o apoio de três costureiras e produz seis modelos diferentes de carregadores. Todo este avanço contou sempre com o apoio do pediatra e amigo Cacá, da amiga Ana Cristina, do Gama e das colegas da Matrice, além da família, claro.

Rosangela com Heloisa
Motivação

A mudança radical na vida de Rosangela foi motivada pela chegada dos seus filhos, mas o envolvimento com o mundo da maternidade ativa e da humanização também foram determinantes. “Não queria sair deste mundo. Procurei fazer algo que me mantivesse ali, perto deste universo das mães, bebês, partos e gestantes”, conta.

Rosangela enumera outra motivação para o trabalho com os carregadores: ela faz parte de uma geração que quer dar colo para os filhos. “Algumas gerações anteriores, inclusive das nossas mães, não podiam dar colo, porque não tinham condições ou não eram incentivadas, ouvindo que seus filhos iam ficar mal acostumados. Hoje, nós queremos e podemos dar colo aos nossos filhos”, diz.  

Desta constatação, ela retira uma belíssima definição para os seus produtos: “eles são facilitadores de colo”, diz. A mãe fica mais segura e ajeita a postura, além de ficar livre para fazer outras tarefas; e o bebê fica seguro e confortável, assim o vínculo fica facilitado”, diz. Uma outra boa definição para o sling que ela tem é a de que ele é um “útero com janela”.

Consultorias

Rosangela com suas inspirações: Heloisa e Gabriel
Justamente por se tratar de um acessório facilitador da relação entre mãe e filho, as consultorias de uso terminam sendo também conversas sobre o vínculo, a comunicação entre suas clientes e seus bebês. “Meus atendimentos são quase atendimentos de pós-parto. Conversamos sobre tudo, e o uso do sling tem a ver com todos estes sentimentos tão presentes neste momento, de auto-estima, segurança e também com questões muito presentes na vida das mães, como a amamentação”, conta.

Mais que um acessório, o sling para Rosangela é um verdadeiro divisor de águas nas vidas das mães que se tornam usuárias. “Muda a postura, a segurança com seus filhos, o vínculo, o conforto. Muda tudo”, diz. Ainda assim, ela lamenta que algumas mães, em geral por falta de informação, deixam de usar o sling. “É muito comum a mulher receber um de presente, não saber usar e deixar de lado, numa gaveta", diz.

Para incentivar que as mães usem seus slings e carreguem seus filhos, Rosangela oferece gratuitamente as consultorias, seja em atendimentos individuais, seja nas slingadas, seja nos seus blogs. “Produzo informação para afirmar o lado positivo do uso dos carregadores, porque infelizmente, muita gente estranha o uso e ainda ouvimos discurso de que eles fazem mal. Como podem fazer mal? Existe inclusive um programa de apoio a crianças que estão precisando se fortalecer que se chama ‘Mãe canguru’ (Leia mais aqui), que consiste em amarrar o filho à sua mãe. Então, como pode fazer mal um instrumento que facilita este contato entre mãe e bebê?", questiona.

Trabalho com amor

Os olhos de Rosangela brilham e até lacrimejam ao falar dos carregadores e ao defender seu uso e seus benefícios. Este brilho nos olhos vem do amor que ela tem pelo que faz. “Se tem um conselho que eu posso dar para mães que querem empreender é que elas olhem para o que gostam. Muitas vezes, é possível se dedicar a algo que antes era um hobby e que pode se tornar uma profissão, como pintar ou escrever. Não se pode ter medo de viver esta experiência de transformação e é preciso acreditar em si mesma. A maternidade nos dá esta percepção e esta força”, diz.

É desta afirmação que ela retira a definição do que é empreendedorismo materno para ela. “Para mim, é a oportunidade de fazer o que eu gosto e sentir prazer no trabalho, tendo a liberdade de estar com meus filhos a hora que eu quero”, conclui.   

Gostou do trabalho da Rosangela?
Entre em contato com ela!
(11) 8383-9075

7 comentários:

  1. Que lindo texto! E que linda história! Até inspira rsrs

    Beijos :)

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  2. parabens ro você merece bjs mercia

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  3. q lindo esse termo "uteros com janela" adorei!

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  4. Isso mesmo, Rosângela: vc merece!! Parabéns pelo trabalho.

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  5. Adorei, Rosangela! "Não se pode ter medo de viver esta experiência de transformação e é preciso acreditar em si mesma." Eu estou em outra fase (me aposentei), mas na mesma situação: encontrar o que gosto e me dedicar a isso. Ainda estou na busca. Meus parabéns pra você, e sucesso!

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  6. Parabéns linda história. Adorei "úteros com janelas" bjs .

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  7. Ro querida
    Parabéns pela trajet´ria de descobertas sua e de tantas mães que vc auxilia! E nãosó nos slings, mas nesse conceito materna de ser que vc vive em essÊncia
    bjs felizes com seu sucesso!
    Ana Bach

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