segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Em busca do equilíbrio, Luciana abandonou a estabilidade

Grávida, praticando yoga
Pode parecer contraditório o jogo de palavras aí do título. Mas foi justamente isso que aconteceu com Luciana Carvalho. Ela trabalhava em um grande banco, era concursada, ganhava bem e tinha uma vida relativamente estável, com uma carreira que caminhava para transformá-la em pesquisadora. Formada em pedagogia, ela chegou a prestar um mestrado na área. Mas a gravidez a fez rever os planos e mergulhar no universo da maternidade. Praticante de yoga, ela resolveu direcionar seus estudos na área a gestantes e mães com bebês. Hoje, ela trocou aquela estabilidade financeira por um equilíbrio físico, emocional, familiar e profissional. É doula, educadora perinatal, professora de yoga e psicoembrióloga.

Depois de largar algumas certezas para investir em um trabalho do qual realmente gosta, que a satisfaz e permite que fique mais tempo com seu filho Ravi, Luciana está feliz com a empreitada e começa a colher frutos. A persistência foi uma de suas aliadas, pois o retorno financeiro não foi imediato. E é justamente esta força que ela afirma ser necessária a mães que querem mudar de direção na sua trilha profissional.

O lado bom? Acompanhar de pertinho o filho e ter mais flexibilidade. O lado ruim? Batalhar muito mais para ser reconhecida e ter que lutar muito para conciliar todos os eixos da vida: família, trabalho, lazer e tudo mais...

Como dica para mães que desejam empreender, ela deixa a seguinte: “em primeiro lugar, descubra o que realmente gosta de fazer. Depois, invista toda sua energia nisso, envolvendo toda a família neste projeto. Acima de tudo, estejam juntos nas conquistas!”. São muitos os caminhos para o equilíbrio. Cada uma descobre o seu. Este é o de Luciana.

Leia a entrevista completa com ela abaixo.

Blog EM: Conte um pouco sobre a sua iniciativa. Como era seu trabalho antes e como é agora? Você realizou o que queria quando resolveu empreender?
Luciana: Demorei para descobrir minha afinidade com os assuntos maternos. Meu sonho era estudar na USP e dediquei bastante tempo e esforço a essa empreitada. Escolhi um curso que abordasse o desenvolvimento do ser humano, seu processo de formação e socialização, o curso de pedagogia. Foram anos de muitos aprendizados, tive excelentes professores e me encantava pensar em cada fase do nosso desenvolvimento, desde a infância até a fase adulta. Estava envolvidíssima com a área acadêmica e pensar em ter filhos àquela altura era abandonar todo aquele tempo de dedicação (é assim que o universo acadêmico enxerga). Só depois de um processo seletivo para o mestrado em que meu projeto não foi aprovado decidi que iria dar um tempo e amadurecer mais a idéia. Neste tempo, foi aumentado meu desejo de ser mãe. Comecei a buscar informações sobre gestação, parto, pós-parto e descobri um universo fantástico, me apaixonei e percebi que pensar nisso me dava mais satisfação do que pensar em modelos de educação inovadores... Comecei a devorar livros e fui fazer meu primeiro curso de massagem para gestantes no Gama. Quando vi aquelas mulheres grávidas, aquela energia materna, mágica, inexplicável, descobri que iria me dedicar para isso. Já praticava yoga e decidi fazer um curso que me qualificasse a ajudar as gestantes. Fiz cursos atrás de cursos: educadora perinatal, doula, massagem, etc. Li livros e mais livros; vi filmes e mais filmes; assisti a palestras e mais palestras, até que decidi que queria vivenciar tal experiência, queria ser mãe! Nesta época, trabalhava no Banco do Brasil, um emprego estável, concursada, ganhando bem, mas não me sentia realizada por completo.

E a gravidez te fez mudar de rumo?
Luciana com seu filho, Ravi

Luciana: Engravidei na primeira tentativa. Passei toda minha gestação trabalhando no banco e conciliando com algumas aulas de yoga, pois já dava aulas para gestantes, em casa mesmo! Não estava preocupada em ganhar dinheiro. Queria experimentar, me desenvolver. Tive seis meses de licença maternidade mais um mês de férias e pensava em voltar para o banco... trabalharia seis horas e ficaria com meu filhote e ganharia um dinheirinho extra como professora de yoga. No segundo mês após o nascimento do meu filhote senti que não queria fazer mais nada além de pensar e viver a maternidade, a minha e a de outras mulheres. Tinha que ter um plano, tinha que ter muitas alunas para continuar contribuindo financeiramente em casa, afinal, tínhamos feito - eu e meu marido - muitas contas: financiamento de carro, apartamento, plano de previdência, plano de saúde...  Meu filhote com apenas dois meses saía comigo para participar das aulas. Quando era aula para gestantes, meu marido ficava com ele fora da sala; quando era baby yoga, eu fazia com ele. Foi um momento que tive que ir atrás de parcerias, até que cheguei no pediatra Cacá e perguntei se ele não queria me alugar uma sala. Ele foi maravilhoso, topou na hora, e eu estava crente que tudo iria acontecer rapidamente e que se tudo ocorresse como eu estava imaginando, talvez nem precisasse voltar para o banco. Gastei muitas energias no meu pós-parto por conta disso! Comecei a fazer atendimentos domiciliares, no Espaço Nascente (onde fica o consultório do pediatra Cacá) e em mais dois lugares, um no Ipiranga e outro no Butantã. Quando estava faltando um mês para voltar para o banco, meu coração começou a ficar apertadinho, não queria voltar, mas ainda não estava ganhando o suficiente. Para falar a verdade, estava bem longe de ganhar! E, agora? Não conseguia me imaginar na rotina do banco, estava gostando das novas conquistas, dos novos desafios. Minha decisão não foi nada racional. Coloquei na minha cabeça que iria dar certo, fiz umas contas malucas, convenci meu marido que era a melhor decisão e pedi uma licença sem remuneração. Hoje, depois de um ano, sinto que o retorno está chegando, meu trabalho está mais conhecido, eu estou mais conhecida no universo materno, mas ainda é tudo muito instável, o que eu acho que é o mais difícil de lidar, principalmente, quando se tem contas para pagar.

Hoje, você faria diferente?
Luciana: Apesar das dificuldades, não me arrependo e não volto para o banco. Já disse que posso abrir mão de muito mais coisas, se for preciso! Só não abro mão de fazer o que gosto, no tempo que quero e na companhia do meu filhote! Atualmente, dou aulas de yoga para gestantes e mães com bebês, sou psicoembrióloga, faço atendimentos domiciliares na gestação e no pós-parto, desenvolvo workshops sobre assuntos maternos e também tenho acompanhado partos. Voltei a estudar para prestar o vestibular em obstétrica e brinco um montão com meu filhote! Consigo ficar bastante tempo ao seu lado, vejo o sol nascer todos os dias e quando está uma chuvinha, vejo cada gotinha bater em minha vidraça...

Quais as facilidades e as dificuldades de empreender sendo mãe?
Luciana: O lado bom é que acompanhei cada fase do meu filhote, estive muito ao seu lado, vi quando sentou, engatinhou, comeu, andou, falou, riu, é maravilhoso! Também é bom fazer o que gosto e no que acredito. Para mim, isso me fez renascer e despertar uma Luciana que estava adormecida! O lado ruim é que é comum nos sobrecarregarmos, nos enchermos de tarefas e na dedicação com os filhotes. É também difícil fazer as pessoas reconhecerem nosso trabalho não-formal, mas o maior desafio é saber dividir o que é trabalho, os cuidados de si mesma, dos filhos, da casa, da vida social, enfim, saber equilibrar tudo isso para não viramos uma “panela de pressão”!

O que é empreendedorismo materno para você? 
Luciana: É buscar novas alternativas para se viver plenamente, viver feliz consigo mesma e com toda a família!

Na sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Luciana:  Eu acho que a maternidade é uma alavanca para colocarmos em prática nossos sonhos, realizarmos nossos desejos, pois desenvolvemos dentro da gente uma força e uma fé muito grande. Acredito que a questão não é apenas mais tempo para ficar com os filhos, mas sim, mais tempo fazendo o que gostamos, seja em casa ou no trabalho.

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Luciana: É totalmente positivo sentir-se viva, realizada, em busca dos nossos ideais. É o que nos permite estarmos vivas e felizes!

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Luciana: Depende muito do que a mulher decide fazer. O importante é que desenvolva alguma atividade profissional que dê prazer, pois para estarmos bem com nossos filhotes não basta tempo, é preciso satisfação e prazer. Eu vivo um dilema de tempo versus trabalho. Acho que isso é ainda mais complicado no começo, quando há uma exigência de ter que ganhar dinheiro. É como qualquer negócio. Leva tempo para engrenar, para começar a vir o retorno, então, tem que ter dedicação. A idéia não é ficar grudada com os filhos 24 horas por dia, mas sim ter mais flexibilidade, respeitar seus limites e desejos, é ser compreendida no seu novo ritmo e na sua nova forma de ver o mundo.

Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe empreendedora? 
Luciana: Em primeiro lugar, diria para descobrir o que realmente gosta de fazer. Depois, invista toda sua energia nisso, envolvendo toda a família neste projeto. Acima de tudo, estejam juntos nas conquistas!

Gostou do trabalho da Luciana?
Entre em contato com ela:
maternidadeorganica.blogspot.com
 (11) 8225-0459 e (11) 3875-7645
maternidadeorganica@yahoo.com.br

2 comentários:

  1. Humm,espero que minha história possa encorajar muitas outras mulheres a seguirem seus caminhos e fazerem o que realmente gostam!!!

    Obrigada, Mi!

    Bjinhos

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  2. parabens luciana linda historia..bjs mercia

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