quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mãe modista: Kéli é uma mãedista!


Costumo sempre editar as entrevistas e depoimentos que me enviam por aqui.

Tento escrever um pouco sobre a mãe, sobre seu trabalho.

Mas o depoimento da Kéli estava tão original, que resolvi não mexer.

Busquei apenas marcar algumas partes, em negrito, para localizar vocês na leitura destes testemunho delicioso.

Mais uma história que tenho muito orgulho e prazer de divulgar aqui.

Kéli é mãe de dois e é “modista”. Ela criou o BazarBizar²o Atelier. É um atelier de moda alternativa, roupas infantis e femininas e, segundo ela mesma, “de tudo um pouco”!

Leia o depoimento de Kéli abaixo.

Quem sou eu?
Kéli, muito prazer! Sou mãe de duas crianças lindas que me revolucionaram e remoldaram de forma que eu jamais poderia imaginar, mulher, criativa, inspirada, amada e apaixonada!

O que eu faço?
Aí você me pega.
Sabe, fui convidada a escrever esse texto a algum tempo, e tô aqui enrolando justamente porque toda vez que sentei para escreve-lo eu tentava e nada vinha... Eu não sei bem definir o que faço simplesmente porque eu amo tanto tudo isso que por mim diria que o que eu faço é simplesmente “ser”.
Eu costuro. Eu crio. E faço isso com meu pitoco de 7 meses se arrastado no chão abaixo de mim enquanto a minha molequinha de 3 anos desenha ao meu lado. E não me sinto no direito de dizer que faço isso por ser mãe ou que sou mãe por fazer isso, é tudo meio junto, um complementa o outro e é como aquela coisa do ovo e da galinha, eu não sei te dizer bem quem veio primeiro, sabe?
Na verdade, eu sei.  “Marromenos”, se me permite.  Eu era professora de inglês. Casei “novinha” (pra quem curte julgar essas coisas pela idade), dava aulas numa escola bacana, tinha a costura como um hobby de final de semana. Engravidei. De repente eu sentia que devia ser responsável, não podia mais ser professora-de-inglês-que-brinca-de-corte-e-costura, tinha que ser “mãe madura”. Tchau piercings, cabelo vermelho, jeans, all star e máquina de costura. Oi terninho, salto alto, empresa com o marido, ok, vambora. Começamos nossa própria escola, prestando serviços em empresas da região quando minha filha tinha 9 meses.
Eu não era feliz. Como era difícil ser “séria”, deixar minha filha no berçário e ir dar aulas. Era tudo como antes, só que não. Eu tinha que usar terninho e me portar como chefe. Tinha mais responsabilidade, o trabalho não acabava depois das 18hs e se eu fizesse coisa errada não podia pedir desculpas pro chefe, eu era a chefe. E aquilo tudo era responsabilidade demais, me sentia “cinza”, irritada, acabada, “velha”.
Começamos a pensar no segundo filho. A mais velha com 1 ano e pouco, era a hora. E eu não queria mais aquela rotina... Algo tinha que mudar, mas também não dava pra ficar em casa, eu não sei ficar parada... Desempacotei a máquina de costura por insistência do marido, “vamos brincar de matar a saudade”. E uma chama se reacendeu, que delícia, que saudade! Uma explosão criativa, vontade de aprender tudo que não tinha aprendido antes, a descoberta de que a maternidade tinha me ensinado o dom maior que me faltava para costurar antes: a paciência!
Mergulhei fundo, pedi “demissão” do meu cargo de chefe – com o apoio total do marido maravilhoso que desde sempre me empurrava de volta à maquina de costura – retomei meu hobby com uma intensidade inesperada, retomei meu all star, meu jeans, meu cabelo vermelho e minhas cores, retomei meu eu. Grávida, barriguda, passava os dias costurando feliz. Renasceu das cinzas o Bazarbizarro, que em 2008 era minha mania de transformar calça velha em bolsa customizada, dessa vez uma pilha de roupas infantis coloridas, roupas diferentes pra mãe que queria amamentar, pra mãe que queria se sentir bonita, pra mãe que não queria adotar o terninho como eu havia feito, roupa alternativa pra todo mundo que queria se dar o direito de ser diferente, mãe ou não, adulto ou criança.
E aí veio o segundo filho. Eu esperava uma segunda revolução, mas ele foi mesmo a confirmação de que eu estava no caminho certo. Que delicia poder trabalhar em casa, sem hora, sem medo, sem bomba elétrica de leite pro berçário!
E hoje já vai mais de um ano vivendo de Bazarbizarro, mais de um ano sendo colorida, costurando todo dia, feliz demais por poder expressar a criatividade que eu tanto tentei “dominar” enquanto sigo maternando feliz e full time!

Se é fácil? Nem sempre. Às vezes é complicado conseguir dar conta de casa + filhos + prazos de entrega, mas nessas horas eu apelo pro meu guardião, marido e companheiro fiel, que assume o que puder das tarefas da casa para que eu dê conta do trabalho a ser feito.  Acho que o mais complicado é saber impor horários e rotina a si mesma, mas vale cada gota de suor, mesmo que financeiramente meu retorno não seja o que eu tinha sendo “chefe/professora”.
Então, resumindo, dizem que sou “Modista”. Eu acho chique eu sorrio com timidez quando me dizem isso, confesso que adoro o título. Mas, pra te contar a verdade, eu brinco - sou “Mãedista” - com muito orgulho e muito prazer!

Ficha da empreendedora
Seu nome: Kéli McGee
Nome e idade do(s) filho(s): Nenagh, 3 anos e Tomás, 7 meses
Nome da empresa e/ou atividade: BazarBizar²o Atelier
Telefone: 11 99334-2797
e-mail: bazarbizarro@hotmail.com   
website e/ou blog: http://bazar-bizarro.com.br (loja-virtual) ou facebook.com/bazarbizarro

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