segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Yoko é arquiteta e produz acessórios femininos

Yoko com a filha, Julia
Yoko Hibino criou a Ismália queria, loja de acessórios femininos para complementar a renda da família. Não abandonou os projetos de arquitetura, sua formação profissional, mas o empreendimento a surpreendeu positivamente. “Sou a única fonte de renda em casa - somos só eu e minha filha - e eu necessitava incrementá-la. Não tinha como pegar projetos - trabalho em escritório de projetos e consultoria em acústica -, pois isso demandaria deslocamentos com visitas a obras. Teria que ser algum trabalho que pudesse ser feito em casa”.

À necessidade, ela uniu criatividade e oportunidade. “Uma amiga tinha uma máquina de fazer botão da avó e ela me emprestou. Comecei a fazer botões forrados e a bolar peças com ela. Tic-tacs e brincos foram as primeiras”, relembra. A coisa foi avançando e a loja nasceu. “Continuo trabalhando meio período no escritório e, quando tem projeto para concluir com urgência, ainda é a prioridade. Largo a produção dos acessórios e vou desenhar no computador. Sem contar que gosto muito de projetar e não quero me distanciar desse trabalho. Mas o empreendimento superou minhas expectativas”, conta Yoko.

A força para tocar duas atividades ao mesmo tempo vem da maternidade. “O fato de ser mãe deu forças, fiquei mais durona. E isso é importante pra quem empreende”, afirma. “É cansativo, mas é possível”, diz.

Ela vê no empreendedorismo uma saída, mas questiona o fato de os filhos ainda serem  em nossa sociedade, “dever das mulheres”. “Por que o empreendedorismo materno cresce e o paterno não existe? Por que o machismo ainda prevalece. Ainda, na maioria das famílias, é a mulher que tem que cuidar da casa e dos filhos. Visto por esse lado é horrível”, diz.

Além disso, ela afirma que o empreendedorismo materno carece de apoios. “Os procedimentos da Sebrae mostram-se ineficientes para empreendedorismo do porte como o meu, que é muito pequeno. O MEI [Empreendedor Individual] parece-me mais uma forma de o governo diminuir o número da lista de desempregados”, afirma. Isso requer ainda mais perseverança de uma mãe empreendedora. “Toda evolução que a gente consegue no empreendedorismo é com muito esforço, muito trabalho, muito rebolado e muita paixão”, conclui.

Yoko e outras mães fazem parte da nossa campanha “Contrate uma mãe empreendedora”. Visite nosso banco de dados e veja quantas profissionais mães estão conciliando a maternidade com a carreira e fazendo um mundo melhor! Yoko também integra a Cia das Mães.


Brincos à venda na Ismália Queria
Blog EM: Conte um pouco sobre a sua iniciativa: o que é? como funciona?
Yoko
: Faço acessórios há cerca de dois anos e meio. Eu trabalho sozinha. Como as peças são muito delicadas e pequenas - o que exige um excelente acabamento - ainda não encontrei ninguém a quem confiar a montagem. Sou eu a única fonte de renda em casa - somos só eu e minha filha - e eu necessitava incrementá-la, mas por causa da minha filha. Não tinha como pegar projetos por fora (sou arquiteta e trabalho em escritório de projetos e consultoria em acústica), pois isso demandaria deslocamentos com visitas a obras. Teria que ser algum trabalho que pudesse ser feito em casa.
Uma amiga tinha uma máquina de fazer botão da avó e ela me emprestou. Comecei a fazer botões forrados e a bolar peças com ela. Tic-tacs e brincos foram as primeiras peças, mas com alguns usos, os botões acabavam se soltando. Se eu queria comercializá-las, teria que bolar um jeito melhor de fixá-las. Nessa, após matutar muito, acabei utilizando alguns princípios aprendidos na aula de Sistemas Estruturais do curso de arquitetura. Primeiro, pensei nas forças que atuavam nas peças. Na hora de abrir e fechar o tic-tac, por exemplo, existe um movimento de flexão na peça que a cola não resiste, o que acabava fazendo o botão se soltar.
Aí, entrou o fio de nylon. Ele é flexível, resistente à tração (força de puxar, digamos assim) e se trabalhado em tramas, adquire a rigidez necessária, como no sistema de cabos tencionados (para saber o que é sistema de cabo tensionado)
A marca tomou corpo mesmo quando entrei na Endossa [loja colaborativa]. Depois, vieram alguns bazares que eu e algumas colegas organizávamos e a Cia das Mães. Em breve, começarei a participar de uma feira de design em Curitiba.

Como era seu trabalho antes e como é agora? Você realizou o que queria quando resolveu empreender?
Continuo trabalhando meio período no escritório e, quando tem projeto para concluir com urgência, ainda é a prioridade. Largo a produção dos acessórios e vou desenhar no computador. Sem contar que gosto muito de projetar e não quero me distanciar desse trabalho. Mas o empreendimento superou minhas expectativas.

Quais as facilidades e dificuldades de empreender sendo mãe? Qual o lado bom e o lado ruim?
Não sei se existem facilidades, mas pra mim o fato de ser mãe deu forças, fiquei mais durona. E isso é importante pra quem empreende. A dificuldade é sempre o tempo e o foco, que está nos filhos, não tem jeito.

O que é empreendedorismo materno para você?
É uma forma de se manter no mercado de trabalho sem ter que cumprir horário e ficar longe de casa.

Em sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Por poder ser realizado em casa e por ser um trabalho que é possível executar de forma picotada. Explicando: começa a costurar, e o filho acorda. Você pode parar exatamente onde estava, largar tudo e só voltar quando ele estiver dormindo de novo. É cansativo, mas é possível.

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Por que o empreendedorismo materno cresce e o paterno não existe? Por que o machismo ainda prevalece. Ainda, na maioria das famílias, é a mulher que tem que cuidar da casa e dos filhos. Visto por esse lado é horrível.
Mas, visto por outro lado – como por esse exemplo -, é uma forma de a mulher realizar seus próprios desejos e não o que a sociedade impõe.

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Sustentável não é, por que a renda vinda do empreendimento sozinha não seria o suficiente pra mim e para minha filha, mas das alternativas que tenho, acredito ser a melhor.

Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe empreendedora?
Numa entrevista da Chrissie Hynde, vocalista da banda The Pretenders, ela diz algo como “De que vale uma carreira se não pode dedicar 10 anos da sua vida aos filhos”.

Mais alguma consideração que você gostaria de fazer?
O empreendedorismo materno carece de apoios. Os procedimentos da Sebrae, por exemplo, mostram-se ineficientes para empreendedorismo do porte como o meu, que é muito pequeno. O MEI [Empreendedor Individual] parece-me mais uma forma de o governo diminuir o número da lista de desempregados. Eu sou MEI, procurei a previdência pública e não estava cadastrada sob a alegação de que meu CPF estava irregular, mas na Receita Federal estava tudo certo... Toda evolução que a gente consegue no empreendedorismo é com muito esforço, muito trabalho, muito rebolado e muita paixão.

Gostou do trabalho da Yoko?
Entre em contato com ela!
www.ismaliaqueria.com.br
www.facebook.com/ismaliaqueria
ismaliaqueria@yahoo.com.br
site de vendas: www.ciadasmaes.com.br

4 comentários:

  1. adoro o trabalho da yoko e adorei vê-la aqui!!!
    (^_^)

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  2. Devo dizer que sou fã do trabalho dela...A-DO-RO!

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  3. O trabalho da Yoko é muito lindo e, sobretudo, de grande delicadeza. Conheço um pouco de sua trajetória, antes e depois da Julia, e sei o quanto essa mulher tem batalhado duro! Orgulho de vc, Yô!!!! Beijão e parabéns!!!!!

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