terça-feira, 8 de maio de 2012

Com Elis e os slings, Carol se apaixona todos os dias

Carol e Elis
Ainda que seja uma fã do rock inglês, os anos mais recentes da vida de Carol Robortella Valente podiam ter como trilha sonora um rock nacional. Sua trajetória é marcada por metamorfoses. A principal delas aconteceu com o nascimento da filha Elis, de 11 meses. Com a chegada da menina-luz, Carol visitou seu passado, seus medos, suas sombras e se redescobriu pessoal e profissionalmente. Mas a sua vida teve outras profundas reviravoltas que ela compartilha conosco neste emocionante depoimento.

Hoje, Carol atua como revendedora de slings (carregadores de bebês) da região do ABC em São Paulo e é doula pós-parto. Também edita o blog Parir-se ao parir.

Comunicadora de formação, slingueira de coração, apaixonada pelo modelo conhecido como wrap, ela já inventou seu slogan: wrapaixone-se! Para ela, usar os carregadores é apaixonar-se pelo filho e pela maternidade diariamente.

Leia esta história apaixonante nas palavras desta querida mãe empreendedora!

“Acho que a vida profissional não tem como estar desligada da vida pessoal, então pode ser que fique meio grande, mas acho que não dá pra separar as duas coisas...
Já faz um tempão que estou para escrever para o Empreendedorismo Materno, mas confesso que demorei um pouco, pois teria de ser na hora em que meu coração estivesse de verdade me dizendo algo, que não fosse "da boca pra fora", que fosse verdadeiro.
Essa coisa de ser muito sensível às vezes atrapalha um pouco, mas por outro lado, quando "me encontro", me traz exatamente o que eu quero: algo verdadeiro, que realmente me toca lá na alma.
E como mãe, hoje uma mãe de quase 11 meses, da Elis, é exatamente isso que tenho vivido e buscado. O meu lado mais verdadeiro. A maternidade tem sido para mim um convite a entrar em minha alma. Mas olhar-se nem sempre é uma experiência boa. Muitas vezes assusta, pois começamos a ver o nosso lado mais escondido, a nossa sombra, que só aparece quando queremos de verdade ver. Contudo, depois que a "nuvem negra" passa, vem a claridade e ainda de forma mais clara do que anteriormente. Por isso, não me arrependo de ser assim.
Vou tentar resumir minha historia para que as pessoas entendam o contexto do que está acontecendo agora. Sou formada em Jornalismo, em Santos, "minha terra". Quando me formei, em 2005, me decepcionei muito com a profissão, logo após alguns estágios. Meu primeiro erro foi ter criado expectativas com a profissão, achando que iria "salvar o mundo" como jornalista, essa coisa de se achar a salvadora da pátria, bem romântica mesmo. E, de verdade, essa coisa de romantizar só caiu por terra mesmo, agora que a Elis nasceu. Olhando-me antes, vejo que era um pouco ingênua, mas acho que também faz parte da vida. Mas uma hora a gente tem que crescer.
Sempre estudei inglês, desde os 12 anos, por ser muito ligada à música. Desde esta idade era apaixonada pelos Beatles! E por isso fui estudar. E acabei me apaixonando pela língua também. Acho uma língua muito musical! Em 2003 fiz um curso de Guia de Turismo e até hoje tenho contato com estrangeiros por conta deste trabalho. Então, assim que me formei na faculdade, e vi que naquele momento não era Jornalismo o que eu queria - não daquele jeito - fui dar aulas de inglês. Trabalhei em escolas e também dei aulas particulares, durante quatro anos. O legal de dar aulas é que a gente aprende muito com os alunos também. Essa troca é fundamental. Muitos dos meus alunos acabaram se tornando grandes amigos. E em 2008, trabalhei como tradutora no site de letras de músicas vagalume.com.br, e também fiz algumas entrevistas com artistas para o site. 
Mas, em 2009, passei por uma grande transformação. Passava por um momento muito difícil, de baixa autoestima, e engordei muito. Em maio, pesava 132 kg. Sempre fui contra intervenções cirúrgicas, sempre odiei hospital, mas no dia em que minha pressão chegou a 16 por 10 depois de um dia de muito stress no trabalho, com 27 anos, precisei repensar minha vida. E foi aí que a grande viagem para dentro de mim começou. Comecei a fazer terapia, e ao longo dela, cheguei à conclusão de que a comida era apenas uma forma de tentar preencher um vazio que existia por dentro (da cabeça e do coração). Repensei, e cheguei à conclusão de que deveria considerar fazer a cirurgia de redução de estômago. E fiz. Neste blog http://decifrandome.wordpress.com/2009/04/ dá para acompanhar toda a caminhada pré e pós operatória, e principalmente minha caminhada de transformação interna, que no final, é o que mais foi, e ainda é, necessário. Acredito que fazer essa cirurgia sem ter em mente que o que precisa mudar é a cabeça, e realmente querer mudar, não vale a pena. Porque NÃO É FÁCIL. Nem um pouco. Não, as coisas não se resolvem como num passe de mágica, como muitos pensam.
A marca registrada de Carol: um desenho
que sua irmã fez  da dupla slingando. Arte: Malipi
Após a cirurgia, continuei em terapia por mais dois anos, e nestes dois anos precisei entrar em contato com muitos dos meus monstros, da minha sombra, coisas que não queria, MESMO, ver. Foi assustador! Principalmente no início. A análise de meus sonhos me tirava o sono... mas ao mesmo tempo me dava respostas. E foi na recuperação da cirurgia que comecei a entrar em contato com pessoas que pensam diferente. Me dei o direito de "sair da toca", e ir conhecer "outros planetas", e conheci pessoas muito especiais. Pessoas que pensam os direitos humanos. E me identifiquei, devido a historia dos meus pais, que são também pensadores dos direitos humanos, e eu sempre os acompanhei. Neste meio tempo, voltei a dar aulas de inglês, e ao mesmo tempo, acompanhava estes grupos. E no meio destes grupos, encontrei pessoas que pensam os direitos humanos na mídia, que é o que eu sempre questionei e achei que não existisse quem pensasse como eu. Mas, ali, percebi que não era a única, e isso me deu uma baita de uma força. E hoje quero lutar por uma mídia mais justa. Quero que as coisas mudem. Mas aí dá até assunto para outro texto [risos]
Foi então que em setembro de 2010 engravidei - já recuperada da cirurgia, 1 ano e meio depois - e comecei uma jornada ainda maior para dentro de mim. Eu que achava que já tinha visto de tudo, passei a não mais duvidar da minha vontade de autoconhecimento, de encontrar minha verdade interna. O inicio da minha gravidez foi muito conturbado, e em janeiro de 2011, nos mudamos para o ABC, onde meu marido havia acabado de conseguir trabalho.
Assim que nos mudamos, dei aulas particulares enquanto estava grávida. Foi difícil conseguir alunos em uma cidade nova, mas fiz uma boa divulgação, e logo apareceram alunos. Durante a gravidez, dava aulas e frequentava, quando conseguia, os grupos de gestantes do Gama - Grupo de Apoio À Maternidade Ativa (http://www.maternidadeativa.com.br/), em São Paulo. As poucas reuniões em que estive presente me ajudaram ainda mais a entrar em contato com a minha "sombra", pois aquela Ciranda das Mulheres Sábias faz com que enfrentemos nossas dificuldades, nos sentimos acolhidas por tantas mulheres, mais experientes ou não, mas todas com uma baita energia, que nos faz olhar para frente e seguir nossa intuição e vontades reais, mesmo que de inicio elas assustem.
Encontrei um grupo igualmente forte no ABC, o grupo MaternaMente (http://maternamente.blogspot.com.br/), e me senti ainda mais acolhida, pois sabia que havia pessoas perto de mim que pensavam de forma parecida. A gravidez é um período de muitas confusões para qualquer mulher, e se ela não estiver ao lado das pessoas certas, a situação pode piorar muito. 
Preparei-me e me informei para ter um parto normal, que sempre pensei ser o "normal", mas nestes grupos descobri que, infelizmente, é exceção e não regra no nosso país. Preparamos-nos para fazer o parto na Casa de Parto de Sapopemba. No dia em que completei 39 semanas, 13 de junho de 2011, Elis nos avisou: estava chegando. Fiquei apenas 4 horas e 30 minutos em Trabalho de Parto, não imaginávamos que passaria de 5-6 cm de dilatação para dilatação total em apenas 1 hora e 20 minutos. Resultado: Elis acabou nascendo em casa, com a ajuda da parteira querida Mariane Menezes, que inicialmente ia apenas me doular no trabalho de parto enquanto não chegássemos na Casa de Parto. Mas acabou "pegando" a Elis, que "escorregou" de uma vez, em casa, no chão do quarto dela. Nasceu PERFEITA. Foi tudo muito emocionante, que me faz chorar até agora, só de pensar em tudo o que aconteceu naquele dia. De longe, o dia mais louco-lindo-forte-intenso e outras milhares de palavras que poderiam me ajudar a tentar descrever o que aconteceu, mas de verdade, até hoje não consigo encontrá-las. 
Porque estou contando tudo isso em um texto sobre empreendedorismo? Porque, depois deste dia, minha vida tomou outro sentido. Os cuidados com Elis, a vivência com outras mães e as dificuldades e alegrias da maternidade me transformaram em outra pessoa. A mesma, mas ao mesmo tempo, outra. Melhor, sinto. Em evolução constante. E essa mudança não tinha como não afetar a "Carol Empreendedora". Essa Carol continua dando aulas de inglês, mas quer agregar coisas que aprendeu e aprende como mãe. Na verdade, voltei a trabalhar há pouquíssimo tempo, sem saber se ia realmente dar certo, dando aulas de inglês via Skype, pela internet.  E está dando certo! E assim consigo ficar mais tempo com Elis, pois neste momento é isso o que quero. Acompanhá-la de perto nesse início de vida. Confesso que voltar a trabalhar não é nada simples, ainda mais depois dessa mudança muito grande vida, mas sinto que preciso. Não só por dinheiro, mas por achar que é bom me sentir útil como profissional, tem todo um significado interno mesmo. Quem é mãe, sabe.
Mas minhas vontades vão além das aulas de inglês. Continuarei com elas, mas - como projetos paralelos - tenho muitas coisas. Depois dessa transformação toda, não poderia ser diferente. 
No chá de bebê da Elis, ganhei um Wrap Sling da Kika De Pano (http://kikadepano.com/). Quando ganhei, pensei: como vou transformar um pano desse tamanho em um carregador de bebês?? O sling veio com um DVD explicativo de utilização, e passei a "estuda-lo" ainda grávida. Ele é bonito demais, me senti como as africanas, japonesas, me senti parte de uma "tribo" ao vesti-lo. A primeira vez que Elis "slingou" foi com 15 dias. Coloquei-a no Sling e fui à feira. Foi amor à primeira slingada!!! Ou, como chamo, Wrapada! [risos]. E as pessoas olham na rua, é algo que chama atenção. Algumas olham com ar de aprovação, outras nem tanto... mas, em geral, gostam!
Foi então que comecei a revender os Slings da Bruna Leite da Kika de Pano. E percebi que realmente gosto disso e que tem a ver comigo! Hoje minha ideia é virar empreendedora mesmo, fazer os Wrap por conta própria para poder, assim, baratear seu custo. Sou uma WRAPAIXONADA. [risos]. E nada melhor do que vender algo que acreditamos. Até acabei de bolar o nome! "WRAPAIXONE-SE"! ou algo assim. [risos] O que acham?
Porque Wrapar é isso! Apaixonar-se pelo seu bebê a cada dia! Estarmos bem juntinhos e seguros. Wrapar é das coisas que mais amo desde que me tornei mãe. E vendendo, acabei meio que automaticamente fazendo um papel de Doula Pós-Parto, pois eu vou na casa das mães assim que nascem seus bebês, as ajudo a usar, amamentar com o bebê ali dentro, ajudo-as a sentir-se bem com o bebê e com o wrap ao mesmo tempo. Noto que algumas se atrapalham para usar, o que é normal, mas depois que aprendem noto como mãe e bebê se sentem muito bem. E os pais também slingam! E dá uma satisfação tremenda!
É algo que faria com muito muito amor. E fora que este momento pós-parto é sempre cheio de novidades, e ter alguém por perto para dar um apoio emocional é sempre muito bom. Então, me vejo também como doula pós parto. Uma coisa vai puxando a outra, e são coisas que são verdadeiras dentro de mim. E é essa a minha busca como mulher e mãe. A verdade, nada mais que a verdade. Mesmo que, muitas vezes, ela doa. Mas uma hora a tempestade vai embora e vem um lindo dia de sol!".

Gostou do trabalho da Carol?

Entre em contato com ela!
Blog: mepari.blogspot.com
Email: carollrob@gmail.com

5 comentários:

  1. Que coisa linda essa história!!!
    Parabens Carol pela coragem em enfrentar as adversidades da vida e lindas transformações com a maternidade e a Michelle pela linda matéria!

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    1. Obrigada :)
      Michelle arrasou mesmo na introdução, pegou direitinho o "feeling" da coisa ;)

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  2. Que lindo ver mamães que empreendem junto com a maternidade!

    No próximo frutinho quero muito usar sling ...

    Beijos, Má
    www.monmaternite.com

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  3. A iniciativa deste blog vai contra a noção capitalista de empreender devido ao seu caráter humanista. Parabéns pela inicitiva e pela a contribuição de pessoas como a Carol Valente (sou suspeita para falar dela porque é nada mais nada menos que a minha irmã em TODOS os sentidos afetivos que uma relação humana possa ter); que mostra que é possível sim conciliar o desafio da maternidade com a vida profissional, oferecendo o melhor e necessário para a sua filha (minha borboletinha Elis): amor incondicional.
    Espero fazer parte desse grupo em breve! :)

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