Ritta, da Koladinho Slings |
Ritta Costa estava se preparando pra voltar ao mercado de trabalho depois do primeiro filho, quando engravidou do segundo. “Me acomodei um tempo, mas não estava completa. Sabia que poderia ser mãe e profissional sem que uma coisa afetasse a outra, eu só não sabia como fazer isto”, lembra.
Um dia, em um momento de sufoco, tendo que se dividir e atender aos dois filhos, ela encontrou a solução: o recém-nascido foi para o sling e ela conseguiu dar atenção ao mais velho ao mesmo tempo.
Depois
que o sling lhe proporcionou esta conquista, ela resolveu vender os carregadores
e proporcionar experiências semelhantes a outras mães. Surgiu assim a Koladinho Slings.
Secretária executiva de formação, Ritta passou a ser gestora de seu próprio negócio, contando com o apoio de revendedoras e de seu marido.
Poder
ficar com seus filhos é o lado bom de tudo. Mas é preciso disciplina para não
transformar a vida em trabalho. “É preciso separar a hora de trabalhar e a hora
de cuidar da casa, dos filhos, do marido também. Equilíbrio e disciplina que
são as palavras de ordem quando decidimos empreender sendo mãe”, diz.
Ela não
consegue ver um lado ruim em empreender. “Você está trabalhando, produzindo,
realizando algo, levando um benefício a outras pessoas e, ao mesmo tempo
podendo cuidar da sua família. Acho que é o sonho de toda mãe, não é?”, pergunta.
Para ela,
o empreendedorismo materno, além de ser uma forma sustentável de conciliar
carreira, filhos e família, é também, de certa forma, uma resposta à maneira
que as empresas privadas no Brasil tratam a mulher enquanto profissional. “No
Japão, quando os filhos estão em adaptação na escola, por exemplo, as mães são
dispensadas do seu trabalho sem qualquer ônus. Aqui no Brasil, as mulheres
precisam deixar os filhos com febre na escolinha e ir trabalhar por causa do
risco de perder o emprego se faltar”, exemplifica. “Acho que isto precisa ser
repensado na nossa cultura”, afirma.
Ela dá
uma dica preciosa para quem quer empreender: organize, leia, se informe e faça algo
que te dá prazer.
Leia a
íntegra da entrevista de Ritta abaixo.
Blog EM: Conte um pouco sobre a sua iniciativa: o
que é? Quando começou?
Ritta: A ideia de fabricar e comercializar artigos
infantis começou com o nascimento do meu segundo filho, Daniel agora com 3
anos. Durante minha gravidez ganhei três slings de modelos diferentes. A
princípio eles ficaram na gaveta guardadinhos e eu tinha até me esquecido,
tendo lembrando deles quando meu bebê tinha 15 dias e eu me vi sozinha em casa,
com um RN se “esgoelando” pra mamar e um garotinho de 4 anos vomitando no
banheiro. Meus filhos precisavam de mim ao mesmo tempo e eu não tive dúvidas:
peguei o sling, por instinto coloquei o bebê certinho, abri o peito, ele já
começou a mamar e eu fui atender o mais velho. Uma hora depois de passado o
sufoco, eu já tinha ajudado meu primogênito, Gustavo hoje com 7 anos, dado
banho nele e arrumado a bagunça, quando me dei conta do que tinha ocorrido. Eu
fiz várias coisas com o bebê no colo tranquilo, mamando, dormindo e aquilo me marcou
profundamente.
A partir
daí comecei a costurar e revender slings. A princípio, eu dava um sling pra
quase toda mãe que eu via com dois filhos e não podia comprar, até perceber que
o negócio precisava se sustentar sozinho pra ir adiante, e não adiantava eu
investir e não ter retorno. Então decidi pesquisar no SEBRAE e algum tempo
depois abri CNPJ e passei a fazer as coisas de forma mais profissional. Hoje em
dia, comercializo outros produtos além do sling e já não costuro sozinha. Repasso
pra uma confecção, tenho algumas revendedoras trabalhando comigo, meu marido
ajuda com a embalagem e postagem dos produtos e eu basicamente faço o
administrativo, além das peças que necessitam de personalização, detalhes como
patcolagens, fuxicos, estas coisinhas que dão um charme a mais numa peça.
Como era seu trabalho antes e como é agora? Você
realizou o que queria quando resolveu empreender?
Eu era
Secretária Executiva, mas quando me casei, pouco tempo depois parei de trabalhar
me dedicando somente à ideia de ser mãe, cuidar dos filhos, da casa até eu
perceber que eu não precisava restringir minha vida, mas eu poderia fazer isto
e muito mais. Estava me preparando pra voltar ao mercado de trabalho, quando
engravidei e me acomodei um tempo, mas confesso que não estava completa, eu
sabia que poderia ser mãe e profissional sem que uma coisa afetasse a outra, eu
só não sabia como fazer isto. Quando nasceu meu segundo filho, encontrei o que
eu buscava, senti que tinha sido direcionada pra este segmento desde que
engravidei. E sim, eu me realizei quando resolvi empreender.
Quais as facilidades e dificuldades de empreender
sendo mãe?
A maior facilidade,
na minha opinião, é o fato de não precisar sofrer a ausência dos meus filhos
por longos períodos, como no caso das mãe que trabalham fora o dia todo. Quanto
à dificuldade, a minha é a questão da organização. É preciso ter disciplina para
separar a hora de trabalhar e a hora de cuidar da casa, dos filhos, do marido
também. Quando a gente tem o próprio negócio costuma às vezes se entregar muito
a ele, fazer tudo sozinha e isto nos consome muito tempo, dá pra se perder no
meio do processo todo. Equilíbrio e disciplina que são as palavras de ordem
quando decidimos empreender sendo mãe.
Qual o lado bom e o lado ruim?
Pra te
falar a verdade eu não consigo ver um lado ruim. Porque você está trabalhando,
produzindo, realizando algo, levando um benefício as outras pessoas e ao mesmo
tempo podendo cuidar da sua família. Acho que é o sonho de toda mãe, não é?
Você produzir como mulher, fazer algo pra você mesma sem deixar de estar
presente nos cuidados diários com seus filhos.
O que é empreendedorismo materno para você?
Empreendedorismo
materno pra mim é exercer algo que é familiar, que faz parte do seu dia a dia e
ao mesmo tempo ter um retorno financeiro disso. É lidar com pessoas que você
compreende por fazer parte do contexto delas. A maternidade forma um elo muito
forte entre as mulheres e isto faz com que o meu trabalho seja extremamente
natural e prazeroso.
O
empreendedorismo materno é também, de certa forma, uma resposta à maneira que
as empresas privadas no Brasil tratam a mulher enquanto profissional. No Japão,
quando os filhos estão em adaptação na escola, por exemplo, as mães são
dispensadas do seu trabalho sem qualquer ônus. Aqui no Brasil, as mulheres
precisam deixar os filhos com febre na escolinha e ir trabalhar por causa do
risco de perder o emprego se faltar. Acho que isto precisa ser repensado na
nossa cultura.
Em sua opinião, por que as mães optam por este
formato de trabalho?
Eu
acredito que pela possibilidade de não precisar abrir mão da convivência com
seus filhos por longos períodos e ao mesmo tempo se realizar produzindo algo
que as fazem se sentir inseridas no contexto do mercado de trabalho e ao mesmo
tempo continuar sendo donas de casa e mães em tempo integral.
Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo
para a vida das mulheres?
Absolutamente
positivo.
É um modo sustentável de conciliar carreira e
maternidade?
Exatamente,
esta aí o foco de tudo. Conciliar carreira e maternidade. Sonho de todas nós né
[risos]. Empreender traz esta
possibilidade de uma forma que nenhum outro formato de trabalho pode fazer.
Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe
empreendedora?
Que
busque empreender num segmento que lhe de prazer, que seja parte dela mesmo.
Por exemplo: a mãe que gosta de cozinhar, fazer bolos, doces, que empreenda
nesta área, pois nada a fará mais feliz do que exercer uma atividade que ela
tenha prazer naquilo.
Outra
coisa importante é procurar o SEBRAE, se informar, fazer um planejamento.
Gostaria de contar algo mais ou dar uma dica?
Eu acho
relevante mencionar que as coisas acontecem de forma gradual, que dar certo na
sua atividade pode não vir da noite para o dia, mas o mais importante não é nem
onde você vai chegar, mas as atitudes que você tem pelo caminho, os amigos, os
contatos, o respeito que se trata a cada um, deixando pra trás um rastro de
boas impressões, isto é fundamental pra qualquer negócio.
Hoje tenho uma equipe bacana e fazemos workshops em qualquer lugar que nos chamem pra falar do uso do sling, sua origem, tiramos dúvidas, ensinamos a usar. Basta juntar as famílias num espaço e nos chamar que estamos a disposição pra ir em qualquer cidade do Estado de São Paulo, onde moramos e atuamos.
Gostou do trabalho da Ritta?
Entre em contato com ela!
(11) 3774-6274 / 5329-2622
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