quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mais liberdade e valor social para as mães em 2012

Belíssimo texto das meninas do Cia das Mães.


para fechar 2011, resolvemos refletir sobre o que nós, mães, estamos vivendo, como estamos pensando e agindo, para onde estamos indo, quais os caminhos que se desenham para o futuro… e convidamos você a pensar junto com a gente!
vivemos tempos difíceis, em que a maternidade meio que perdeu seu valor social. mas os últimos anos têm mostrado que muitas mulheres estão ressignificando a maternidade a partir de seus próprios anseios, medos, erros e acertos históricos, inserindo-a, inclusive, no debate social e político dos nossos tempos.
este ano marcamos presença em manifestações públicas importantes, que ganharam a mídia e as redes sociais, levantando debates maternos na sociedade. apoiamos o protesto no masp, para impedir o fechamento do curso de obstetrícia da usp, e os mamaços, que reivindicaram o direito à amamentação em público.
sabemos que o impacto do progresso científico e da medicina sobre a humanidade trouxe enormes vantagens no sentido do bem-estar, da saúde e do prolongamento da vida, mas também promoveu nosso distanciamento de experiências genuinamente femininas. vem daí a força da nossa reação no sentido de retomar nosso protagonismo na condução dessas experiências e na conquista de espaços sociais mais valorizados para a maternidade.
a gestação e o parto se transformaram em eventos médicos, os cuidados e a educação dos filhos viraram conhecimento especializado, passaram das mãos das mulheres para as dos pediatras e educadores. o mesmo aconteceu com a amamentação e a alimentação natural e caseira das crianças, que vêm sendo substituída mais e mais por produtos industrializados. e a gente, onde fica? aonde vai?
nossas bisavós e avós eram donas de casa, criaram filhos, criaram maridos, muitas foram escravas dos desejos alheios, viveram presas, sem expressão de desejos individuais. indignada, a geração seguinte veio reivindicar liberdade, quebrou regras, ganhou independência e o mercado de trabalho. hoje, a mulher tem jornada tripla, trabalha, ganha dinheiro, às vezes é bem sucedida, criativa e independente… mas a grande maioria simplesmente não suporta mais a ideia de ficar em casa para criar os filhos.
viramos mães, queremos e precisamos voltar a trabalhar, a ser o que éramos antes, reconhecidas e incentivadas pela sociedade, mas quando voltamos ao mercado, parece que algo fica faltando, o coração fica apertado, ficamos divididas… o que fazer? ficar com os filhos ou trabalhar fora? sabemos que asperguntas e respostas são muitas.
essas são apenas algumas das questões complexas que fizeram movimentos femininos organizarem-se, principalmente a partir da internet, configurando um “ativismo” calcado em poderosas motivações pessoais. no brasil, cunhou-se o termo “maternidade ativa” para defender que as mulheres devem tomar para si as decisões relativas ao universo da maternidade: seus corpos, os cuidados com a saúde, o desenvolvimento dos seus filhos no momento de gerar, gestar, parir, amamentar, cuidar e educar.
é um o movimento que valoriza conhecimentos tradicionais, se apoia em evidências científicas sobre os assuntos que questiona, dá voz às experiências vividas por mulheres e fomenta o resgate da consciência feminina sobre a sua capacidade de protagonizar, usufruir e fruir destes momentos como atos naturais, fisiológicos e humanos.
houve um tempo em que defender estas ideias, seja no parto, na amamentação, na criação dos filhos, era ser “bicho grilo”, “hippie conectada com a mãe terra”, “natureba”. mas as evidências científicas publicadas com cada vez mais frequência (confira no final do post uma lista com alguns artigos bacanas publicados durante este ano, no nosso blog e em outros veículos) e a repercussão cada vez maior destas ideias na internet (que se confirma como um instrumento revolucionário de transformação também das questões feministas) têm feito com que cada vez mais mulheres entrem em contato, se identifiquem e multipliquem tais ideias. o que antes era visto como “coisa de gente alternativa”, cada vez mais se mostra como um “novo caminho”, não só possível, como “recomendável” pela ciência.
o parto natural, a amamentação prolongada, a cama compartilhada, o attachment parenting, o “não à palmada”, a educação construtivista (baseada em experiências e significações individuais) não são tendências novas, mas estão se popularizando e ganhando cada vez mais embasamento científico, o que as coloca em destaque nos assuntos relativos à maternidade e educação de filhos.
estamos cada vez mais “armadas” de informação pra defender ideias que antes eram exclusivas de alguns nichos estigmatizados da sociedade. assim, podemos, hoje, fazer opções mais embasadas, conseguindo pesar, numa balança mais realista, prós e contras de cada uma dessas opções.
o que fica mais evidente ao observarmos os últimos movimentos desta “maternidade ativa” é que ela vem sendo definida essencialmente por mulheres questionadoras. mulheres que, como você, como nós, não se contentam em ouvir o senso comum. modernas ou não, conservadoras ou não, que trabalham fora ou não, seguindo ou não alguma linha de alimentação ou de medicina alternativa (homeopática, antroposófica, o que seja), nós queremos, precisamos, desejamos e buscamos uma forma própria de maternar. somos mulheres de todos os tipos, com mil diferenças, mas temos algo em comum: queremos ser protagonistas na vivência da nossa maternidade e, por isso, questionamos sempre, nossas opções e nossas escolhas.
tomamos decisões conscientes, baseadas tanto em informações externas (livros, artigos, especialistas, médicos, evidências científicas, experiências e opiniões de outras mães etc.), quanto em nossos próprios sentimentos, instintos, intuições e crenças. não nos apoiamos só na ciência, só na religião ou só na intuição: queremos conhecer todas as informações possíveis, testar hipóteses, sentir e significar nossas próprias verdades porque sabemos que não existe uma verdade pronta, pura e imparcial. tudo é relativo ao sujeito que a significa.
tentamos encontrar nossos próprios caminhos, juntando uma coisa daqui com outra dali, balanceando os ‘yins’ e ‘yangs’, filtrando o bombardeio de informações (tanto da mídia tradicional quanto da mídia alternativa, do ativismo digital, dos grupos de mães, dos médicos, da igreja etc.), procurando ouvir nossas vozes interiores, sabendo vivenciar o bom e o ruim com a mesma intensidade, experimentando, questionando, testando hipóteses, errando, acertando e criando assim nossa própria maneira de maternar, 100% livre de obrigações e padrões.
nós somos o futuro e estamos conseguindo, pouco a pouco, construir um mundo mais bacana não só para os nossos filhos, mas para as próximas mães do mundo. queremos mais valor social para as questões maternas, mais liberdade para decidir como, quando e onde gerar, gestar, parir, amamentar, cuidar e educar nossos filhos.
estamos conseguindo, vamos conseguir! we can do it!
obrigada por nos acompanhar e um feliz 2012 para você e toda a sua linda família!
com amor,
dani, helô, kátia e roberta

Um comentário:

  1. Chegando para te desejar um Feliz 2012 de muita paz, amor e prosperidade.
    Ano que vem nos encontramos no http://cantinhodosam.blogspot.com
    Bjks

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