terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eliane dribla as dificuldades e faz sucesso com sua confecção inspirada em esportes

Eliane e os filhos Bernardo e Santiago
Vai ser inevitável fazer trocadilhos para começar este texto. Afinal de contas, Eliane Ramscheid fez um dos maiores gols de sua vida ao criar a Bola de Meia FC, confecção infantil com inspiração nos esportes, principalmente no futebol. A mãe de Santiago e Bernardo veste pais e filhos de maneira lúdica com suas peças. “E mães e filhas também! Afinal, futebol não é só coisa de menino”, alerta a empreendedora.

Antes de criar a marca, Eliane já trabalhava de casa como representante de brindes corporativos. “O que eu realizei ao resolver empreender foi liberar a minha capacidade criativa e expandir mais os meus horizontes”, conta. A realização pessoal veio, mas a financeira é sempre uma questão. Para ela, uma das mais complicadas para quem deseja empreender sendo mãe. A cobrança é grande. “Empreender é muito doloroso, temos o pior patrão do mundo: nós! Quando não perdemos noites de sono por conta dos filhos, perdemos por conta da empresa!”, afirma.

Mas a realização que ela tem ao fazer um negócio ao qual se dedica com prazer e podendo exercer a sua criatividade não tem preço. “É muito legal ver as pessoas usando as nossas peças na rua. Já fiquei babando um pai e um filho brincando na Lagoa [Rodrigo de Freitas], no Rio [de Janeiro], com as camisas da Bola de Meia e nem sei se eles sabiam quem eu era”, relembra.

Para ela, o empreendedorismo materno é esta capacidade de persistir e de se adaptar que as mães têm. Mas ela alerta: “Hoje ele está mais difundido e comentado, mas sempre existiu. A avó do meu marido fazia, em casa, bolos e salgados para festa. O que ela era? Uma mãe empreendedora!”.

Eliane deixa um conselho para outras mães que desejam empreender: “Siga em frente! Se informe e vá com o pé no chão. Não empreenda baseada em sonhos e números fictícios. Saiba que não é fácil, mas é muito bom! (...) Mas lembre-se sempre: o processo é demorado e o retorno financeiro nem sempre vem no tempo que você queria, ou precisava”.

Veja outras dicas de Eliane e conheça melhor a sua história na entrevista que ela concedeu ao nosso blog.

Blog EM: Conte um pouco sobre a sua iniciativa: o que é? Como funciona?
Eliane: Somos uma confecção infantil com inspiração nos esportes, principalmente no futebol. Hoje atuamos através de nossa loja virtual, revendemos para algumas lojas multimarcas e fazemos algumas feiras do setor infantil, principalmente no Rio de Janeiro. Existimos há um pouco mais de três anos, idade do meu filho mais novo (comecei na mesma época que descobri a gravidez). Nosso time é composto basicamente por mim e pelo meu marido, Vinicius, que cuida da parte de web e me ajuda com as artes.
A ideia surgiu a partir da paixão do meu filho mais velho, Bernardo, na época com quatro anos. Ele queria se vestir somente com roupas de time de futebol, quis até ser negro para ser parecer com os seus ídolos! [risos]. Com isso deu-se início a sua coleção de uniformes de times de futebol. Até um amigo da minha irmã, tcheco, mandou uma camisa da seleção da República Tcheca para ele! E assim todos fazem até hoje. Para onde viajam, lembram-se do Bernardo e lhe trazem uma camisa. Mas não dava para sair com ele para todos os lugares com uniforme de time, né? Comecei a procurar umas camisas legais com estampas referenciadas ao futebol, mas não achei nada, ou quase nada. Vislumbrei então um nicho de mercado que estava muito carente. Afinal somos o “país do futebol!”
Começamos a pensar e a desenhar as primeiras estampas e quando coleção estava montada o meu marido falou: “E a minha?” Como assim? Estamos montando uma confecção infantil, eu falei. “Mas eu quero uma também!”. Com isso esticamos a nossa grade até o tamanho adulto e criamos uma brincadeira legal de pai e filho. Porque aqui os pais se vestem como o filho e não o contrário! É um momento lúdico de brincadeira de pais e filhos. E mães e filhas também! Afinal, futebol não é só coisa de menino.

Como era seu trabalho antes e como é agora? Você realizou o que queria quando resolveu empreender?
Antes, eu já trabalhava de casa. Tinha uma representação de brindes corporativos. O que eu realizei ao resolver empreender foi liberar a minha capacidade criativa e expandir mais os meus horizontes. Antes eu trabalhava apenas na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, eu interajo com pessoas de todo o país e alguns estrangeiros também. Fiquei emocionada quando em uma feira de gestante e bebê um alemão comprou uma peça para levar de presente a sua sobrinha. Ele amou a marca. E eu fiquei bem empolgada com os elogios, mesmo que pouco compreendidos! [risos]

Quais as facilidades e dificuldades de empreender sendo mãe?
Todas! [risos] Eu, particularmente, tive muitas dificuldades. Como disse, a Bola de Meia surgiu quando eu descobri a gravidez do Santiago. Tive contrações a partir do 6º mês. E o último mês eu passei em repouso absoluto. Ele nasceu com uma má formação congênita no ureter esquerdo, o que dilatou o seu rim esquerdo. Conclusão: ele não tinha três dias de vida e já estávamos fazendo uma bateria absurda de exames nele. Culminou com a cirurgia, com quase dois meses, para tentar “salvar” o seu rim esquerdo. Então, você pode imaginar quanta turbulência. Mas tive uma grande amiga, Mariane Guedes, que segurou a onda da empresa durante o final da gravidez até as coisas se acalmarem com o Santiago (ou comigo? [risos]). Ele fez outra cirurgia com um ano e vamos fazendo acompanhamento, mas graças a Deus o seu rim tem respondido muito bem.
Além disso, é muito difícil conciliar tarefas de mãe e de empreendedora. Acho essa colocação “Mãe Empreendedora” perfeita. Pois o empreendedorismo materno tem suas particularidades. Como empreendedoras nos cobramos muito.  Temos uma carga horária maior do que se fôssemos uma empregada registrada.  Quando não perdemos noites de sono por conta dos filhos, perdemos por conta da empresa! É uma mistura de sentimentos, um excesso de hormônio, que às vezes eu me obrigo a parar e a recomeçar de uma maneira menos hormonal...
A grande vantagem é podermos estar um pouco mais disponível para os filhos. E com a facilidade do mundo virtual, conseguimos resolver várias coisas à distância.

Qual o lado bom e o lado ruim?
O lado ruim é definitivamente não termos um salário fixo no final do mês! [risos] O lado bom é poder trabalhar de forma prazerosa, em um negócio que me estimula e que eu desenvolvi. É muito legal ver as pessoas usando as nossas peças na rua. Já fiquei babando um pai e um filho brincando na Lagoa [Rodrigo de Freitas], no Rio [de Janeiro], com as camisas da Bola de Meia e nem sei se eles sabiam quem eu era. Amo quando mandam as fotos. Adoro a proximidade das redes sociais e a possibilidade de poder conversar com as clientes. Trabalho voltada para o universo infantil, que é muito divertido e inesgotável.

O que é empreendedorismo materno para você?
Acho que o empreendedorismo materno é a capacidade monstra de adaptação que as mães têm. Hoje ele está mais difundido e comentado, mas sempre existiu. A avó do meu marido fazia, em casa, bolos e salgados para festa. O que ela era? Uma mãe empreendedora. A necessidade de estar perto dos seus filhos enquanto eles crescem e de trabalhar e trazer dinheiro para casa fez as mulheres procurarem empreender. Algumas empreendem apenas pela necessidade financeira e outras empreendem para satisfazer também a sua vontade profissional. Não conheço os números, mas muitas mães empreendem também a partir da carência de algum produto que procuram para os seus filhos e não encontram no mercado, como foi o meu caso.

Em sua opinião, por que as mães optam por este formato de trabalho?
Meu filho mais velho ficou, aos seis meses, internado por uma semana em um hospital. Ele estava começando a receber os alimentos sólidos e, claro, a minha presença ao seu lado era imprescindível. Na época, eu morava em São Paulo e trabalhava na CPOS – Companhia Paulista de Obras e Serviços. Eles me descontaram os dias que fiquei com meu filho no hospital! Hein? Isso mesmo. Inacreditável, mas fui descontada mesmo levando o atestado médico. Diga-me: que mãe consegue trabalhar assim?
O empreendedorismo materno é um sonho de todas as mães, mas, infelizmente nem todas conseguem realizar. Eu estou tentando. Cada dia, passamos por mais uma etapa até conseguir chegar a um patamar mais estável.

Você acha este fenômeno algo positivo ou negativo para a vida das mulheres?
Não sei. Acho positivo pelas vantagens de você ter a flexibilidade do seu horário e conseguir acompanhar de uma maneira mais próxima o crescimento dos seus filhos. Mas empreender é muito doloroso, temos o pior patrão do mundo: nós! O processo é muito demorado e não sei se todas as mães conseguem agüentar tanto a pressão psicológica quanto a financeira. Não se fica rico, com raras exceções, em poucos anos. No meu caso, quando falamos na criação de uma marca o processo é demorado e vivemos incertezas financeiras motivadas pelo mercado. Mas se você quer saber se eu me arrependo de ser empreendedora, a minha resposta é: não, não me arrependo. Apesar de algumas vezes eu já ter tido vontade desistir de tudo! [risos] Hormônios...

É um modo sustentável de conciliar carreira e maternidade?
Com certeza. Apesar de às vezes elas se misturarem e as coisas ficarem mais difíceis. A eterna culpa de mãe que não nos livramos nunca!

Que dica daria a quem quer se tornar uma mãe empreendedora?
Siga em frente! Se informe e vá com o pé no chão. Não empreenda baseada em sonhos e números fictícios, saiba que não é fácil, mas é muito bom! Você conseguir realizar os seus sonhos: de mãe e profissional não tem preço. Mas lembre-se sempre: o processo é demorado e o retorno financeiro nem sempre vem no tempo que você queria, ou precisava.

Gostou do trabalho da Eliane?
Entre em contato com ela!
21 2704-5954
www.bolademeiafc.com.br

Um comentário:

  1. Ola Michele, passando pra dar um oi.Lindo texto e muito inspirador também.Parabéns!!Super bjs,

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